O documentário do disco novo de Siba
Ronaldo Evangelista
Caio Jobim e Pablo Francischelli fizeram a série Pelas Tabelas, exibida pelo Canal Brasil, e são hoje os homens por trás da produtora DobleChapa.
Estão com um projeto saindo do forno: documentário sobre Siba e seu disco novo, produzido por Fernando Catatau, do Cidadão Instigado.
É a volta de Siba à guitarra, que não tocava desde os tempos de Mestre Ambrósio nos anos 90, e seu primeiro álbum solo depois dos discos pela última década com a Fuloresta – e desde sempre, na verdade.
Dá pra sentir um primeiro gostinho vendo essa versão de ''Alados'', originalmente gravada no disco com a Fuloresta e aqui com o Cidadão Instigado, encontro de Siba e Catatau no piloto do Programa Compacto, do qual fiz a curadoria em 2010.
Foto acima, de Priscilla Buhr, Siba já na guitarra com a Fuloresta no carnaval de Nazaré da Mata em 2010, daqui.
Em entrevista ao site Banda Desenhada, Caio e Pablo contaram mais sobre o processo de feitura do disco de Siba e da documentação que fizeram. Por aqui ou trecho logo abaixo:
PF – Atualmente estamos com quatro projetos: O primeiro é um documentário, longa-metragem, com o Siba. Pode-se dizer que é um desdobramento do “Pelas Tabelas”. A nossa relação com ele se iniciou lá, quando participou da primeira temporada. E já nesse programa ele falava de uma vontade de fazer um trabalho diferente do que vinha fazendo com a Fuloresta [grupo formado por músicos tradicionais de Nazaré da Mata, PE]. Isso despertou nossa curiosidade e quando retomamos contato ano passado, ele nos falou do projeto que estava desenvolvendo: um disco voltado para a guitarra, com o Fernando Catatau produzindo. Nós conversamos e propomos documentar este trabalho. E foi o que efetivamente fizemos.
CJ – Documentamos todas as fases. No primeiro momento filmamos o Siba em Recife, para depois documentarmos todo o processo de gravação do disco, que só se encerrará quando o trabalho for levado para o palco. O filme se passa em vários lugares: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Nazaré da Mata, Agreste pernambucano…
PF – E o projeto inicial que era documentar a gravação do disco tomou uma proporção maior, porque se trata de um álbum, como ele mesmo fala, de ruptura. É uma espécie de volta… O Siba começou tocando guitarra, integrou o Mestre Ambrósio, depois veio a Fuloresta e agora retoma a guitarra. Então, durante as filmagens, despontaram vários assuntos, incluindo aí o retrospecto de sua carreira e as indagações pertinentes ao rompimento com um gênero e com um modelo que o vinculava demasiadamente à música tradicional. Surgiram então os questionamentos do que é tradição e o que não é. E o Siba faz uma análise muito própria a respeito do seu trabalho, do seu fazer artístico. Ele é um músico peculiar, capaz de transitar pelo maracatu, pela ciranda e pelo rock com a mesma naturalidade.
CJ – E era vontade do Siba ter um documento audiovisual em que se aprofundassem todas essas questões estéticas que surgiram durante o processo de gravação do álbum. Durante muito tempo ele foi associado à música tradicional, sendo que o Mestre Ambrósio era uma das bandas mais importantes do mangue beat, ao lado do Chico Science & Nação Zumbi e o Mundo Livre S/A. Só que, por eles empunharem a rabeca e outros instrumentos ligados à música regional, acabaram sendo rotulados. Depois, esta questão se agravou ainda mais, quando ele se envolveu mais profundamente com a ciranda e o maracatu. Só que a grande busca do Siba enquanto artista não era ficar olhando para o passado, e sim pegar aquilo tudo e olhar para frente. Este álbum acabou se tornando então uma síntese de todas as suas experiências. O Siba não é um guitarrista, como ele mesmo diz, mas é através da guitarra que ele expressa a sua musicalidade.
Estamos agora no processo de montagem e devemos lançar em breve uma versão curta para Internet. A versão longa metragem ficará para o final de 2011. Estamos com a ideia de realizar uma distribuição diferente.