Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Africa ’11

Melhores de 2011: Cris Scabello
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Ronaldo Evangelista

J DIlla / Miguel Atwood-Ferguson – Timeles: Suite for Ma Dukes (2010)
The Biggest Dancehall Anthems
Erasmo Carlos – Carlos, Erasmo (1971)
Serge Gainsbourg – Aux Armes et Caetera (1979)
Jorge Ben – Big Ben (1965)
World Psychedelic Classics 3 – Love’s a Real Thing
Gana Soundz
Bixiga 70
Anelis Assumpção – Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa
Itamar Assumpção – Sampa Midnight (1986)
Secos e Molhados – Secos e Molhados (1973)
Peter Tosh – Mystic Man (1979)
Ney Matogrosso – Sangue Latino (1982)
Paulo Vanzolini – Onze Sambas e Uma Capoeira (1967)
Mulatu Astatké – Timeless (2010)
Lucas Santtana – Sem Nostalgia (2010)
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Em 2011 Cris Scabello lançou o álbum de estreia do Bixiga 70 e aparece em Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa, de Anelis Assumpção, e Taxi Imã, de Pipo Pegoraro.
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Mais melhores de 2011 por aqui.


Ekundayo
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Sai em vinil no fim de novembro pelo selo americano Ropeadope o álbum Ekundayo, disco coletivo cruzando rimas bilíngues, percussões e grooves, bença, balanço e chumbro grosso, Mamelo Sound System, São Paulo Underground, Mike Ladd, Naná Vasconcelos e Scotty Hard. Afrofuturismo pesado, conexões entre Norte e Sulamérica e o continente berço do mundo, maior som.


Bixiga 70, o álbum
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Saiu ontem online e chega em LP logo menos. A impressionante ilustração de capa é do MZK e o som foi co-produzido e mixado pelo Victor Rice.

Com quatro sopros, duas percussões, guitarra, piano elétrico, baixo, bateria, os dez músicos de São Paulo desenham um universo sonoro particular de solos jazzísticos, groove hipnótico, timbres especiais, temas autorais inspirados e uma pérola preciosa de Pedro Santos, do disco afroespiritual Krishnanda.

África é só pra começar o assunto: pelas sete faixas, além da paixão pela música de Gana, Nigéria e Etiópia, ficam claras as inclinações brasileiras, sensibilidade dub, levadas funk, particularidades de arranjo, apreço pelas harmonias bem encontradas e a existência única do Bixiga 70 como uma banda com sua própria assinatura.

Está ouvindo falar e ficou curioso? Só dar play e confirmar as expectativas.

Ouça, baixe, procure saber por aqui. Show hoje no bairro em que a banda nasceu e que lhe dá nome, mais informações por aqui.


afroBLITZ
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Festa nova capitaneada pelo bróder Ramiro Zwetsch estreia hoje na Serralheria, dedicada a sons da diáspora africana – de Gana a Etiópia, Egito ao Brasil e além. A festa, afroBlitz, começa hoje com ainda outra especial: show do Sambanzo, espetacular banda do Thiago França no sax tenor, Marcelo Cabral no baixo, Kiko Dinucci na guitarra, Pimpa na bateria, Samba Sam na percussão, pegada entre afro, jazz, brasa, funk, muito pró.

Tags : Sambanzo


Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo
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O terceiro e ótimo álbum de Mariana Aydar, que está sendo lançado agora, é afromântrico. Entre a Salvador africana de Letieres Leite e Tiganá, canto pra natureza com Emicida, forró e carimbó de radinho entre Amelinha e Edson Duarte, com a guitarra de Gui Held e a grande beleza de Dominguinhos, encontra um resultado muito próprio, universo pop pessoal e passional. Sobre o disco, para Mariana, escrevi o que antigamente talvez se configurasse como texto de contracapa, apresentação hoje em dia comumente chamada de press release, ensaio abaixo.

MARIANA AYDAR
CAVALEIRO SELVAGEM AQUI TE SIGO

Uma produção Universal Music dirigida por Letieres Leite e Duani Martins.

O que te guia? Inspiração, medo ou vontade, sempre há o que nos move, sempre há o que nos surge para indicar caminhos ou possibilidades, como se por além de nós, essencialmente íntimo.

No caso de Mariana Aydar, guiada pela intuição, as vontades essenciais para seu terceiro disco eram várias, que surgiam e se somavam em realizações: gravar ao vivo, buscar origens e ao mesmo tempo olhar pra frente, aprofundar no lado rítmico afrobrasileiro, trazer pra perto uma certa tradição nordestina sem clichês, montar a melhor banda do mundo. O resultado, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, é o que pode ser chamado seu álbum mais pessoal, amplo de ideias e bem realizado em sons.

Como acontece quando se encontram forças análogas e complementares, com suas próprias fundações e ricas em interpretações, a soma das partes revelou algo novo, único em si. O Cavaleiro Selvagem seguido já desde o título surge como uma imagem protetora através da metafórica floresta de emaranhados de universos concebidos.

Os pontos de apoio do disco – abrindo, fechando, no centro, pulsando – são as composições de Mariana, que despertaram sua busca e mostraram sua visão, unindo canções diferentes mas iguais, encontrando o diálogo entre Salvador e África, psicodelia e pop, revelando canções novas mesmo se antigas, um tanto de compositora e um tanto de intérprete, juntas. De Zé Ramalho a Thalma de Freitas, de fado a vanguarda paulistana, de Caetano em inglês às próprias composições misteriosas, seguindo o Cavaleiro e de pé no chão.

Letieres Leite, maestro, compositor e arranjador da muito especial Orkestra Rumpilezz, brilhante jazz afrobaiano de atabaques e sopros, se fez presente durante o processo de criação do disco como uma figura-mestre, afinal produtor do álbum, ao lado do parceiro de Mariana desde seu primeiro disco, o sensível e incansável baterista e multi-instrumentista Duani.

Com a banda-base já esquentando desde a série de shows ao vivo “1, 2, 3 Testando”, feita no fim de 2010 para afinar repertório e sonoridades, o álbum foi gravado de primeiros takes, todo mundo tocando junto, banda afiada e arranjos ricos de detalhes.

Além de Mariana brincando com as vozes e Letieres como guru musical, o som quente e cheio de dinâmicas e especiais vem de Guilherme Held nas personalíssimas guitarras, Robinho no baixo, Guilherme Ribeiro na sanfona e teclado mais o groove de bateria de Duani Martins, completados com o percussionista Gustavo Di Dalva, direto da Bahia para as gravações. Mariana, ocupando os espaços musicais com grandes inventividades e liberdades vocais, segurança de interpretação e visão clara do destino.

A Saga do Cavaleiro”, vinheta, clima e sugestão de abertura, já te coloca na viagem, dentro do percurso. Abrindo os caminhos na pegada, “Solitude” é parceria da cantora com as amigas Jwala e Luisa Maita, sem medo de amar nem de mar, a escolha de estar só mas bem acompanhado, guiado pelo cavaleiro que é você mesmo, solitude e não solidão. Como em “Não foi em vão”, composição de Thalma de Freitas gravada no disco da Orquestra Imperial, aqui transformada em jazz-samba com arranjo de madeiras e trompa, a interpretação de canto rasgado dando novos tons à canção sobre autonomia emocional.

Grande afirmação artística de Mariana e também dos compositores Dante Ozzetti e Luiz Tatit, “Passionais” segue a inspiração da cantora de encontrar grandes músicas para engrandecê-las um pouco mais. Desde que a cantava há dez anos, na turnê do disco Ultrapássaro, de Dante, Mariana vem cultivando intimidade com a canção. Grande composição, grande letra, grande interpretação da cantora – se não foi maior ou melhor, foi o maior e melhor que fizemos. É o preço de ser passional. (Mas não dói não.)

Surpreendendo e renovando sua própria tradição na vanguarda paulistana – seu pai é Mario Manga, do Premê -, Mariana atualiza o cult e desabrocha uma perfeita canção pop e, de certa maneira, também pratica o inverso, deixando levemente à vanguardaVai vadiar”, de Monarco e Ratinho, antigo sucesso de Zeca Pagodinho e já cantada por Mariana há anos em shows, recriado para além do samba. Também como na primeira gravação da cantora em inglês, “Nine out of ten”, já tido como o primeiro reggae brasileiro, gravado pelo autor Caetano Veloso em 1972. Por todo o álbum estilos não se definem e as barreiras aparecem criativa e naturalmente borradas entre levadas afro, pegada rock, carimbó e forró de radinho, axé music dos anos 90 e o que mais se ouvir nesse universo de ritmos poderosos.

Floresta” é o coração do disco, em muitos sentidos. Auge artístico, poética e inspiradora, com participação sublime da voz do cantor e compositor baiano Tiganá Santana, também parceiro de Mariana e Guilherme Held na composição. Logo depois de se dizer alive e viva, outro alerta para a vida, vamos preservar a flor. Com harmonização vocal, melodia levada no violoncelo e percussão passeando por timbres, a faixa traz charme de lado B de disco brasileiro dos anos 70 e um certo espírito à Milton Nascimento, clima de canção do sal, da terra, lembranças do álbum experimental/existencial Krishnanda, do percussionista Pedro Santos, 1968.

Talvez a maior ousadia no repertório – e certamente uma de suas grandes realizações -, é a recriação de “Galope rasante”, de Zé Ramalho, hit e pérola de Amelinha de 1979. Temperando o groove seco do sertão com flerte afrobeat e nova parte especial com riff vocal acentuando o lado rítmico, é Mariana moça e anciã.

O fado sem pátria “Porto”, torto, perdido no mundo, composição climática e inteligente de Romulo Fróes e Nuno Ramos, é oportunidade para Mariana mostrar interpretação entregue, lírica. De Lisboa a Salvador, da fronteira a São José do Rio Preto, um disco não sem lugar, mas ocupando seu próprio espaço.

A paixão que levou Mariana a criar o projeto de um documentário sobre Domiguinhos é musical, é a mesma que a leva a chamá-lo para uma lindíssima participação na sanfona no momento mais leve e delicado do disco, em “Preciso do teu sorriso”, de João Silva, sucesso do Trio Virgulino, reinventado aqui puro amor de partir o coração.

O hit de primeira audição “O homem da perna de pau”, de Edson Duarte, é clássico imediato e infalível do disco, misturando com senso de humor e beleza carimbó, brega, forró em um som totalmente contemporâneo, pra não dizer mesmo moderno. Mesmo lendo tudo isso, lhe asseguro, o som é uma surpresa de agrado geral.

Anunciada por naipe de metais, a canção “Cavaleiro selvagem” nasceu como um canto na cabeça de Mariana, que para desenvolvê-lo só pensou “o Emicida vai terminar essa parada” e foi na hora. Ligou, no mesmo dia se encontraram e o jovem rapper incorporou e compôs a segunda parte como se fosse a própria Mariana criando melodias. Ambos buscando o equilíbrio do Cavaleiro como um Deus geral, a natureza, a raiz, o elemento terra, o vento sereno trazendo o sol, uma figa levando todo o mal. O fato de que chovia durante as gravações do disco pode não trazer nenhum significado concreto, mas certamente conspirou com o clima.

O cavaleiro passa, perpassa, atravessa o álbum – da faixa de abertura aos galopes finais da última canção, “Vinheta da alegria”, também de Mariana – como se todas as coisas não acabassem, mas se renovassem constantemente voltando às suas origens. Ideia que se conecta com o conceito de fundamento das coisas da Ancestralidade, tão ligado aos padrões percussivos afrobaianos, que dão um espírito particularmente forte ao disco.

A Saga do Cavaleiro é sugerir e guiar, passar e inspirar. Mariana ouviu e criou seu disco mais artesanal, cheio de mistérios, afromântrico. Não tem manual, não é uma homenagem a tradições, cada um de nós tem seu próprio Cavaleiro Selvagem. É uma busca a algo maior pela música, pela expressão, pela soma. O caminho é pessoal a cada participante e ouvinte e se é universal é pelo ímpeto artístico. O coração sente e derrama vida. E fim.

Ronaldo Evangelista, agosto de 2011.


Bixiga 70 nas terças do Berlin em setembro
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Não há nada melhor pra uma banda – especialmente instrumental – do que uma temporada, oportunidade de esquentar as juntas, azeitar interações, testar ideias coletivamente e em público. O Berlin, na Barra Funda, com sua climática luz vermelha e estiloso papel de parede, é lugar para apresentações sem tela de proteção ou rede de segurança, relação direta com som, ambiente, público. Vai ser legal ver temporada da big band paulistana de afrobeat e além Bixiga 70 nas tradicionais terças de jazz do clube, dez músicos naquela pista, baile total, durante todo setembro, com convidados como Bruno Morais, Pipo Pegoraro, Bruno Buarque, Kiko Dinucci, Arícia Mess, Anelis Assumpção. Na sequência vem boa novidade da banda: em outubro sai o primeiro single, compacto em vinil 7″ de “Tema di Malaika” b/w dub de Victor Rice.


Sambanzo tocando na Serralheria
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Ronaldo Evangelista


O impressionante quinteto Sambanzo, do saxtenorista Thiago França, com Kiko Dinucci na guitarra, Marcelo Cabral no baixo elétrico, Pimpa na bateria e Samba Sam na percussão, tem um conceito musical rico, pegada intensa que cruza figuras afrobaianas, jazz etíope, funk nigeriano. O disco vai ser de cair o queixo e deve sair ainda esse ano. Dando o gosto, nos vídeos acima tocam “Sino da igrejinha” e “Xangô“, ao vivo na Serralheria, filmado pelo Guito.


Bixiga 70 na Seleta Coletiva
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Ronaldo Evangelista

A big band de grooves de tempero afro Bixiga 70, dez músicos de São Paulo tocando temas autorais e versões ocasionais de Fela Kuti, SoulJazz Orchestra, Pedro Santos e K. Frimpong, se apresenta hoje no Studio SP, dentro da festa Seleta Coletiva – assumindo o posto habitual do Instituto, em Brasília para show do Criolo. O som do Bixiga só melhora, single e álbum de estreia estão para sair e você pode saber mais lendo essa entrevista que fiz com eles, clicando por exemplo aqui ou simplesmente aparecendo no show, pontualmente às 23h, rua Augusta.


Fela Kuti & Carlos Moore
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Ronaldo Evangelista

Fela Kuti era uma força da natureza. O músico e ativista nigeriano, presente no planeta entre os anos de 1938 e 1997, lançou mais de 70 discos, lutou contra o governo, teve 27 esposas (ao mesmo tempo), fundou sua própria república e influenciou o mundo com seu próprio gênero musical inventado, o afrobeat.

Carlos Moore, cientista político e etnólogo, cubano exilado, com Fela conviveu nos anos 70 e em 1981 escreveu a única biografia autorizada do músico, Fela – Esta Vida Puta, que sai agora pela primeira vez em português, com prefácio de Gilberto Gil.

Para marcar, neste sábado acontece evento de lançamento com presença de Moore, filme do Fela, DJs e apresentação da banda Bixiga 70, na Matilha Cultural, São Paulo. Informações aqui.

E hoje, no UOL Música, matéria que escrevi contando essa história inteira, Carlos falando do afrobeat e pequenas observações minhas sobre a música de Fela na de Gil, Céu, Criolo, Marisa Monte e Bixiga 70.

Leia AQUI.
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