Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Boa Nova

Rabotnik
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Ronaldo Evangelista

Falando no novo da Gal, um nome que participa do álbum é o quarteto experimental Rabotnik, fazendo toda a base instrumental de algumas faixas. Com Estevão Casé, Eduardo Manso, Bruno Dilullo e Rafael Rocha (os dois últimos também do Tono), tocam pela noite do Rio há um tempo, no ano passado chegaram a fazer temporada no Pista 3 com participações como Kassin, Rob Mazurek e Marcelo Camelo. Já lançaram um álbum pela gravadora inglesa Far Out e agora estão levantando verba via crowdfunding (pelo mesmo projeto Embolacha de que participam Letuce e Autoramas) para prensar um CD, gravado em 2009 com participação do Damo Suzuki, do Can. Pela rede, mil sons do Rabotnik para ouvir, como no pequeno compêndio abaixo.



“Dínamo” e “Em dependência”, gravadas em 2009.



Ao vivo em janeiro de 2011.


Ao vivo com Kassin e Rob Mazurek em 2010.


Ao vivo com Marcelo Camelo em 2010.


Seis perguntas para o Bixiga 70
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Ronaldo Evangelista

Semana passada, terça-feira, no Sesc Pompeia, Prata da Casa, foi uma noite linda: 800 pessoas lotando a choperia, outra centena pra fora sem ingresso, Bixiga 70 fazendo o melhor show de sua ainda curta e já intensa existência.

Pra pequena orquestra que começou há menos de um ano em festa em homenagem a Fela Kuti (e fez show dedicado ao mestre nigeriano na festa de lançamento de sua biografia), já é algo mais apresentar um repertório quase todo de músicas próprias, no esquema de lançar o primeiro disco.

Dez músicos, várias pegadas na soma: Cris Scabello na guitarra, Marcelo Dworecki no baixo, Décio 7 na bateria, Mauricio Fleury no piano elétrico, Romulo Nardes e Gustavo Cecci nas percussões, Cuca Ferreira no sax barítono, Daniel Gralha no trompete, Daniel Nogueira no sax tenor e Douglas Antunes no trombone de vara.

O próximo show da banda é no sábado, em Araraquara, e aproveitei para contar as origens secretas do Bixiga 70 e o ponto atual de sua história em conversa com o pianista e maestro Mauricio Fleury, seis perguntas abaixo.
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Como foi o processo de formação da banda, quando e como vocês se juntaram com essa ideia pela primeira vez?

Nós começamos a tocar juntos durante a gravação do disco do Pipo Pegoraro, no estúdio Traquitana. O Marcelo Dworecki (baixo), o Cris Scabello (guitarra) e o Décio 7 (bateria) já tocavam com o Pipo e foi assim que eu os conheci. Depois da gravação, que já apontava para uma sonoridade afro, nós continuamos conversando, ouvindo e trocando sons africanos que a gente curtia. A partir daí, o Décio começou a convidar outros músicos e a coisa começou a andar. Nosso primeiro ensaio foi em agosto e o primeiro show em outubro de 2010, na Festa Fela de São Paulo.

A principal influência da banda é o afrobeat? Que outros caminhos vocês tem encontrado ultimamente?

O afrobeat é uma influência forte para a gente, sem dúvidas, mas nós também somos muito influenciados pelos ritmos afro-brasileiros do candomblé, e por artistas daqui como Pedro Santos, Os Tincoãs e Gilberto Gil. A música africana de uma forma mais geral (ritmos como o Malinké da Guiné, o Sabar de Senegal, o Highlife nigeriano, entre outros) também está presente na nossa combinação de ritmos. Além disso tudo, rolam influências de cumbia, funk, jazz, dub e todo o resto… cada um dos dez vem de uma escola diferente e isso só acrescenta no processo.

Que versões vocês costumam tocar ao vivo? Já estão com repertório de músicas autorais, todos compõem?

Ao vivo, costumamos tocar algumas do K. Frimpong, um grande compositor, cantor e guitarrista de Gana, também tocamos uma ou outra da Budos Band. Do Fela Kuti nós tocamos várias ao longo dos shows, mas a que nunca falta é “Opposite People”, nossa preferida. “Desengano da Vista” (do disco Krishnanda, de Pedro Santos) é uma que também está sempre no nosso repertório. Já temos várias músicas autorais, os principais compositores da banda são o Décio, o Cris, o Marcelo, o Cuca (sax barítono) e eu. Mas todos da banda acabam contribuindo muito na hora do arranjo.

Qual a relação da banda com o estúdio Traquitana (na rua Treze de Maio, 70, Bixiga)? O que de mais interessante acontece recentemente por lá?

Essa relação é total, acho que a banda dificilmente existiria se não fosse o estúdio, que tem espaço para todo mundo e funciona como nosso quartel-general. Recentemente, quem passou por lá foi o Tatá Aeroplano, a Trupe Chá de Boldo, Anelis, Leo Cavalcanti, Thaide, Márcia Castro, Cachorro Grande, Bruno Morais, Nhocuné Soul… Sempre tem gente legal colando.

Vocês já gravaram o primeiro disco? Só autorais? Quem produz e participa, quando sai?

Já gravamos. Quase todas são autorais, já que gravamos o “Desengano da Vista” do Pedro Santos. Deve sair no segundo semestre e foi produzido por nós e pelo Victor Rice, no estúdio Traquitana. Gravamos todo mundo tocando junto e agora estamos mixando as primeiras músicas.

Quais as outras bandas mais interessantes em que se envolvem membros do Bixiga?

Todos os integrantes possuem projetos paralelos ou acompanham outros artistas, são tantos que ficaria difícil lembrar de todos. O Cris toca com a Anelis e com o Rockers Control, o Décio também é do Rockers, toca com o Leo Cavalcanti, Pipo Pegoraro; o Marcelo também toca nessas duas últimas e tem a Banda Estrombólica, o Dani Boy (sax tenor) tem uma big band, que é o Projeto Coisa Fina, o Doug Bone (trombone) toca com a Black Rio e outras inúmeras bandas; o Daniel Gralha (trompete) toca no Projeto Nave que é a banda do programa Manos & Minas da TV Cultura e também no Otis Trio que é uma banda de jazz classe A, e é disso que eu consigo lembrar agora.
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Fotos das gravações do álbum do Bixiga 70.
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Terruá Pará II
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Ronaldo Evangelista

De Pinduca a Gaby Amarantos, passando pela guitarrada de Pio Lobato, o eletromelody da Gang do Eletro, o carimbó chamegado de Dona Onete e a new wave brega de Felipe Cordeiro, a linha evolutiva da música do Pará mistura ao mesmo tempo no mesmo espaço tradição e modernidade, novo e velho, todos os estilos.

O Terruá Pará, apresentação coletiva de dezenas de artistas do estado, que teve primeira edição em 2006 e agora chega à segunda, é pop amazônico em todas as suas possibilidades, todo um universo se revelando.

Hoje na Folha tem texto meu sobre o assunto, leia aqui, e o Terruá acontece hoje e amanhã no Auditório Ibirapuera, informações aqui.


Tono Banheiro
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Ronaldo Evangelista


O senso de humor musical do quinteto carioca Tono é tão amplo quanto seu senso de pop, com suas dinâmicas para-e-vai e som acústico-elétrico – digamos, rock, mas com organicidade e temperamento brasileiro. Muito da graça vem da cristalina voz feminina dialogando com o coro de um a quatro homens, melodias memoráveis e no ponto do inesperado, letras fazendo questão de ser interessantes. Rafael Rocha, Ana Cláudia Lomelino, Bem Gil, Leandro Floresta e Bruno di Lullo já lançaram o bem nomeado Auge em 2009 e álbum seguinte, homônimo à banda, em 2010 – este segundo com pérolas como “Me sara” e “Ele me lê“.

Em tempos de Vicent Moon, Banda Mais Bonita, Arnaldo Lá em Casa e tantas coisas naturalisticamente presenciais, já ficou claro que a magia de criar um momento é a música certa no ambiente certo, 50/50 – nos happenings da vida real ou no mundo do audiovisual. Muito própria a abordagem do Tono, com a intimidade máxima de pia, banheira, privada, chuveiro, no banheiro da Ana Cláudia (e como todo bom banheiro com acústica privilegiada). Nos dois cliques acima, “Bem bom” e “So in”, instrumentação e musicalidade adaptadas à proximidade coletiva, filmagem de Clara Cavour. Foi tão legal que já marcaram três dias no fim do mês para fazer uma rápida interdição e direção de cena no mesmo banheiro e gravar um DVD, misturando músicas dos dois discos e novas.