Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Discos de 2012

nesse minuto sei tão bem do espaço que ocupo
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Ronaldo Evangelista

Na Ilustrada de hoje, breve crítica minha acompanha matéria sobre o novo de Céu. Mais ou menos assim, como logo abaixo do vídeo de “Retrovisor”, ilustrando o post.

“CARAVANA”: IMAGINAÇÃO, CLIMA IMAGÉTICO E SOM SETENTISTA

Não há nada como assistir a um filme chegando aos créditos iniciais sem pista prévia de ritmo, estilo, enredo, pura apreciação das surpresas de uma cinematografia bem desenvolvida.

Alguns dos melhores cineastas sabiam disso tão bem a ponto de se recriar e reinventar novos universos a cada filme ou número de filmes – algo não muito diferente da evolução criativa disco-a-disco tão comumente esperada e cobrada de compositores, produtores, músicos.

Pelo espelho do carro em trânsito, entre as serpentinas no salão do baile, no asfalto e no mar, a Céu de “Carvana Sereia Bloom”, seu terceiro disco, aparece como que em cortes de superoito, focos de baixa fidelidade, locações perdidas na estrada.

Metaforicamente cinema, seria algo como o cruzamento de um longa jamaicano de baixa qualidade com algum cineasta independente do Recife citando Cacá Diegues de fins dos anos 70, entre vinhetas, reggae obscuro, Nelson Cavaquinho, composições de Jorge Du Peixe, Lucas Santtana, Gui Amabis, Céu.

A organicidade lapidada de Beto Villares, produtor de seus dois primeiros álbuns, dá lugar ao estilo imagético de Gui Amabis, com baterias altas, órgãos climáticos, baixos de timbre setentista, guitarras em solos à frente ou soando com slide.

Colando juntos na viagem, processo como sempre colaborativo, participam músicos como Dustan Gallas, Dengue, Pupillo, Bruno Buarque, Lucas Martins, Thiago França, Curumin, Lúcio Maia, Negresko Sis (o trio vocal com Thalma de Freitas e Anelis Assumpção), Fernando Catatau.

De Céu, ficam ainda mais claros em sua musicalidade a imaginação, o senso de humor, a beleza, a leveza, a naturalidade, o apuro, a voz.


Discos de 2012
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Ronaldo Evangelista

Dois mil e doze já começou assim, primeiros grandes discos do ano já saídos ou chegando na rua logo menos. Se 2011 foi um ano tão interessante em discos brasileiros, o novo ano acompanha e já chega com lista quente de promessas. Só pra não perder o ritmo do balanço, logo abaixo algumas novidades entre porvir em não muito e já nascidas nesse primeiro mês e meio do segundo ano da segunda década desse nosso vigésimo primeiro século.


*A faixa título do quarto álbum de Lucas Santtana, “O Deus Que Devasta Mas Também Cura”, foi escrita originalmente para o álbum Memórias Luso/Africanas, de Gui Amabis, do ano passado, e outras joias do novo disco incluem versão de uma maravilha contemporânea de Tom Zé, participações de Céu, Curumin, Letieres Leite, Guizado, Ricardinho Dias Gomes, Marcelo Callado, Gustavo Benjão, Lucas Vasconcellos, Rica Amabis, Marcão Gerez, Mauricio Fleury, Gustavo Ruiz, Bruno Buarque, Gui Amabis, Luca Raele e altos sons e composições novíssimas.


*Digamos que Caravana Sereia Bloom, terceiro álbum da Céu, primeiro dela produzido por Gui Amabis (junto com ela), está para Memórias Luso/Africanas como seus dois primeiros estavam para Excelentes Lugares Bonitos, de Beto Villares. Composições de Lucas Santtana e Jorge Du Peixe, reggaezinho old school, versão íntima de Nelson Cavaquinho e participações de Pupillo, Dustan Gallas, Rica Amabis, Curumin, Thiago França, Lucas Martins, Fernando Catatau.


*Nave Manha, o segundo disco da Trupe Chá de Boldo, vem com produção de Gustavo Ruiz e enorme evolução do primeiro álbum da banda de 13 membros, Bárbaro. Indie-disco, new wave, tropicalismo, pop hippie, jovial e charmoso.


*A banda do casal Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos (ele que também toca no disco do Lucas Santtana, aliás), mais Thomas Harres e Fábio Lima, Letuce, chega ao segundo disco bem resolvida e no pique. Manja Perene? É provocador, sensual, excêntrico, sincero, debochado, inteligente, divertido.


*Gravado desde o ano passado, lançado nos princípios do ano 12, Avante vem com as composições habitualmente excelentes de Siba, agora brincando a sério com a guitarra, sob produção de Catatau.


*Legal, simples, esperta, com composições interessantes e som doce-de-ouvido, Na Rua Agora é a estreia de Marina Wisnik com produção de Marcelo Jeneci e Yuri Kalil.


*Banda de apoio de uma do último da Gal (e, dizem, do show de Recanto que vem por aí) e com relações cruzadas com Tono, Kassin, Rob Mazurek, Damo Suzuki, Arto Lindsay, experimentalismo carioca, cabou de sair Rabotnik #3.


*Regional e digital, colagens de grooves e texturas, nó nas possibilidades de combinações e recombinações, primeiro álbum “oficial” do mineiro de Pouso Alegre Zé Rolê aka Psilosamples, Mental Surf.

*Já comentei, Meu Samba No Prato é o melhor disco de samba-jazz gravado no Brasil em anos, homenagem ao clássico LP Edison Machado é Samba Novo e ao mesmo tempo vigor de novidade criativa pelo sexteto de Marcos Paiva.

*Também do ano passado, com lançamento oficial para breve, sensa o carimbó new wave brega & chique de Felipe Cordeiro no álbum Kitsch Pop Cult, produzido por André Abujamra.

*De cair o queixo mesmo é Bahia Fantástica, novo, segundo, de Rodrigo Campos, gravado por Gustavo Lenza, dirigido por Romulo Fróes, inspirado em Curtis Mayfield e Dorival Caymmi, acompanhado de Mauricio Takara, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Mauricio Fleury e Thiago França.

*Gaby Amarantos, Treme, produzido por Carlos Eduardo Miranda (QST), Waldo Squash (Gang do Eletro) e Félix Robatto (do La Pupuña), Belém goes mainstream, você já está aí esperando, né?

*Também não sei se você já ouviu, mas estalando no forno está o novo, terceiro, do Curumin, Arrocha. A qualquer momento em edição extraordinária.

*Aqui torcendo para sair esse ano o, pelo ouvido até agora, delicioso disco de Kika Carvalho, na produção caprichada de Décio 7 e Victor Rice.

*Continuando a incrível safra de todos os envolvidos e atingindo altos picos de musicalidade, chegando em pouco Etiópia, do Sambanzo, registro em disco da formação de Thiago França com Marcelo Cabral, Kiko Dinucci, Pimpa e Samba Sam tocando temas afrobrasileiros selvagens.

*Levantando verba via esquema crowdfunding, Cão Sem Dono é o primeiro solo de Tatá Aeroplano, depois de três álbuns com o Cérebro Eletrônico e dois com o Jumbo Elektro, agora com produção de Junior Boca e Dustan Gallas (que produziram Journal de Bad, da Bárbara Eugênia).

*Claro, estou, estamos todos, curiosos mesmo é com esse segundo da Tulipa, também produzido por seu irmão Gustavo Ruiz (e com patrocínio da Natura).

*Cortes Curtos é o disco de canções-vinhetas do Kiko Dinucci, tão boas quanto curtas.

*Também testando o esquema crowdfunding (embora almejando um pouco mais), tem essa do disco Cidadão Instigado IV, aparentemente com faixas todas já compostas e prontas pro rec.

*Flora Matos promete vir logo com dois: Do Lado de Flora e Flora de Controle.

*Fela Kuti com Pink Floyd, diz Otto, sobre The Moon 11:11.

*De Pés no Chão, de Marcia Castro, já está pronto e quase na rua.

*Apostando aqui e agora que vai ser bem legal esse disco caseiro e em dupla de Marcelo Callado & Nina Becker.

*O novo da Orquestra Contemporânea de Olinda está sendo produzido por Arto Lindsay.

*Andreia Dias está fazendo seu novo Pelos Trópicos em trânsito, compondo e registrando entre viagens por Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Chapada Diamantina, e boto fé que pode ficar bem especial.

*Gravado em dezembro, saindo em março, tem o Acústico MTV do Arnaldo Antunes, com Marcelo Jeneci, Curumin, Edgard Scandurra, Nina Becker, Moreno Veloso, Guizado.

*E, pra não dizer que não lembrei das flores, seguimos na expectativa fiel dos lendários segundos álbuns do Sabotage, do Instituto, do 3 na Massa, do BNegão, do Rubinho Jacobina, do Beto Villares, o prometido novo do Hurtmold, o com certeza bem bonito primeiro solo de verdade do Moreno Veloso e o especulado primeiro solo de Rodrigo Amarante.

Tá bonito, música boa não vai faltar em 2012. Esqueci de algo?


Meu Samba no Prato
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Ronaldo Evangelista

Está na rua o melhor disco de samba-jazz gravado no Brasil em anos: Meu Samba no Prato, Tributo a Edison Machado pelo baixista Marcos Paiva e seu sexteto. Sem clichês, sem convenções baratas, sem emulações gratuitas: grandes arranjos e belos improvisos, elogio não só ao som mas também à criatividade do incrível disco Edison Machado é Samba Novo. Hoje à noite, ao vivo no teatro do Sesc Pompeia, com participação de Raul de Souza – aliás, um dos solistas do LP original, quase 50 anos atrás.


Melhores de 2011: Pupillo
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Ronaldo Evangelista

Kassin – Sonhando Devagar
Criolo – Nó na Orelha
Domenico – Cine Privê
Juçara Marçal, Thiago França e Kiko Dinucci – Metá Metá
Lirinha – Lira
Junio Barreto – Setembro
Karina Buhr – Longe de Onde
Tibério Azul – Bandarra
Marcelo Camelo – Toque Dela
Bixiga 70
Gui Amabis – Memórias Luso/Africanas
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Em 2011 Pupillo produziu Setembro, de Junio Barreto, tocou em O Que Você Quer Saber de Verdade, de Marisa Monte, e já começou a gravar o próximo disco da Nação Zumbi, a sair em 2012.
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Mais melhores de 2011 por aqui.


Melhores de 2011: BNegão
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Ronaldo Evangelista

Edvaldo Santana – Jataí
Criolo – Nó da Orelha
Mundo Livre S.A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa
André Abujamra – Mafaro (2010)
Pélico – Que Isso Fique Entre Nós
Digitaldubs #1 (2010)
Lirinha – Lira
Bixiga 70
Autoramas – Música Crocante
Tom Waits – Bad As Me
Matanza – Odiosa Natureza Humana
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Em 2011 BNegão soltou “Reação (Panela II)“, faixa de seu segundo álbum, que deve sair em 2012, além de ter lançado compacto com duas faixas do Enxugando Gelo, de 2002.
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Mais melhores de 2011 por aqui.


Melhores de 2011: Junio Barreto
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Ronaldo Evangelista

Lirinha – Lira
Siba – Avante (2012)
Karina Buhr – Longe de Onde
Mariana Aydar – Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo
Gal Costa – Recanto
Bixiga 70
Criolo – Nó na Orelha
Cibelle – Las Vênus Resort Palace Hotel (2010)
Junio Barreto – Setembro
Eddie – Veraneio
A Banda de Joseph Tourton (2010)
Apanhador Só – Acústico-Sucateiro
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Em 2011 Junio Barreto lançou o álbum Setembro.
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Mais melhores de 2011 por aqui.


Melhores de 2011: Letícia Novaes
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Ronaldo Evangelista

Romulo Fróes – Um Labirinto em Cada Pé
Gal Costa – Recanto
PJ Harvey – Let England Shake
Odette Lara – Contrastes (1966)
Ava Rocha – Diurno
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Em 2011 Letícia Novaes aprontou (com Lucas Vasconcellos) o novo álbum do Letuce, Manja Perene, que sai em 2012.
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Mais melhores de 2011 por aqui.