Blog do Ronaldo Evangelista

No aniversário de um ano, o álbum do MarginalS
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Hoje à noite, na Serralheria, acontece o quinquagésimo sétimo show do MarginalS. Não só, é o aniversário de um ano da banda, e, não apenas, a apresentação é especial de lançamento do primeiro CD.

O trio, de jazz e além, tudo que couber no improviso e inspiração, é formado por Thiago França na flauta, sax tenor e EWI, Marcelo Cabral no contrabaixo acústico e Tony Gordin na bateria, improvisação pura, criação espontânea, simbiose humana e musical.

Cabral, claro, produziu os discos da Lurdez e do Criolo, Thiago toca com Criolo, Kiko Dinucci, Romulo Fróes (e no Sambanzo) etc e Tony é irmão do guitarrista Lanny Gordin. Os três juntos tem tocado todas as terças na Matilha Cultural. Em setembro, tocam com Lurdez e Criolo na Casa de Francisca.

Se há pouco mais de um ano eu escrevia na Folha Ilustrada que a cena de jazz em São Paulo andava muito interessante e prestes a criar seus novos clássicos, eu nem sabia mas estava falando disso: formação novíssima, o MarginalS dá um passo além com as ideias de interação musical, derrubando as paredes entre clichês do jás ou qualquer música, instrumental ou não.

Criando tudo 100% no momento, buscando a expressão máxima de cada situação, atacando de frente ou observando de longe os temas que se revelam pelo caminho, os MarginalS se inventam na hora, toda hora, entre o groove e o spiritual, pegada e tranquilidade, abstrato e concreto, literal e figurativo, raciocínio e sensação, além de adjetivos e verbos.

O show hoje é às 23h. O álbum foi produzido pela própria banda e o CD estará à venda por R$10.


Fôlego
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

A voz de Filipe Catto é impressionante.

Não só por sua interpretação intensa como também pelo timbre raro – um contratenor, como notei quando escrevi este texto sobre ele na Folha Ilustrada, há pouco mais de um ano, quando era um recém-chegado do Rio Grande do Sul com um EP gravado.

Agora, com 23 anos, Filipe está lançando seu primeiro álbum, Fôlego, pela major Universal, saindo em setembro, mais um pra lista de 2011.

Produzido pelo multiinstrumentista e leãozinho Dadi, com sonoridade acústica de piano, bandolim, contrabaixo acústico e mais a guitarra de Guilherme Held, Filipe canta histórias e canções por climas e estilos, blues, fado, cabaré, drama de samba-canção, emoção derramada velha e nova, interpretada e real, atemporal.

Compositor, em seu disco canta ainda versão de ''Dia perfeito'', dos conterrâneos de Porto Alegre da Cachorro Grande, imagina.

Filmado por Nina Cavalcanti, Eugênio Vieira e Pedro Palhares, no play acima o primeiro vídeo do disco novo, ''Adoração'', faixa de abertura do primeiro álbum de Filipe Catto.


O documentário do disco novo de Siba
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Caio Jobim e Pablo Francischelli fizeram a série Pelas Tabelas, exibida pelo Canal Brasil, e são hoje os homens por trás da produtora DobleChapa.

Estão com um projeto saindo do forno: documentário sobre Siba e seu disco novo, produzido por Fernando Catatau, do Cidadão Instigado.

É a volta de Siba à guitarra, que não tocava desde os tempos de Mestre Ambrósio nos anos 90, e seu primeiro álbum solo depois dos discos pela última década com a Fuloresta – e desde sempre, na verdade.

Dá pra sentir um primeiro gostinho vendo essa versão de ''Alados'', originalmente gravada no disco com a Fuloresta e aqui com o Cidadão Instigado, encontro de Siba e Catatau no piloto do Programa Compacto, do qual fiz a curadoria em 2010.

Foto acima, de Priscilla Buhr, Siba já na guitarra com a Fuloresta no carnaval de Nazaré da Mata em 2010, daqui.

Em entrevista ao site Banda Desenhada, Caio e Pablo contaram mais sobre o processo de feitura do disco de Siba e da documentação que fizeram. Por aqui ou trecho logo abaixo:

PF – Atualmente estamos com quatro projetos: O primeiro é um documentário, longa-metragem, com o Siba. Pode-se dizer que é um desdobramento do “Pelas Tabelas”. A nossa relação com ele se iniciou lá, quando participou da primeira temporada. E já nesse programa ele falava de uma vontade de fazer um trabalho diferente do que vinha fazendo com a Fuloresta [grupo formado por músicos tradicionais de Nazaré da Mata, PE]. Isso despertou nossa curiosidade e quando retomamos contato ano passado, ele nos falou do projeto que estava desenvolvendo: um disco voltado para a guitarra, com o Fernando Catatau produzindo. Nós conversamos e propomos documentar este trabalho. E foi o que efetivamente fizemos.

CJ – Documentamos todas as fases. No primeiro momento filmamos o Siba em Recife, para depois documentarmos todo o processo de gravação do disco, que só se encerrará quando o trabalho for levado para o palco. O filme se passa em vários lugares: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Nazaré da Mata, Agreste pernambucano…

PF – E o projeto inicial que era documentar a gravação do disco tomou uma proporção maior, porque se trata de um álbum, como ele mesmo fala, de ruptura. É uma espécie de volta… O Siba começou tocando guitarra, integrou o Mestre Ambrósio, depois veio a Fuloresta e agora retoma a guitarra. Então, durante as filmagens, despontaram vários assuntos, incluindo aí o retrospecto de sua carreira e as indagações pertinentes ao rompimento com um gênero e com um modelo que o vinculava demasiadamente à música tradicional. Surgiram então os questionamentos do que é tradição e o que não é. E o Siba faz uma análise muito própria a respeito do seu trabalho, do seu fazer artístico. Ele é um músico peculiar, capaz de transitar pelo maracatu, pela ciranda e pelo rock com a mesma naturalidade.

CJ – E era vontade do Siba ter um documento audiovisual em que se aprofundassem todas essas questões estéticas que surgiram durante o processo de gravação do álbum. Durante muito tempo ele foi associado à música tradicional, sendo que o Mestre Ambrósio era uma das bandas mais importantes do mangue beat, ao lado do Chico Science & Nação Zumbi e o Mundo Livre S/A. Só que, por eles empunharem a rabeca e outros instrumentos ligados à música regional, acabaram sendo rotulados. Depois, esta questão se agravou ainda mais, quando ele se envolveu mais profundamente com a ciranda e o maracatu. Só que a grande busca do Siba enquanto artista não era ficar olhando para o passado, e sim pegar aquilo tudo e olhar para frente. Este álbum acabou se tornando então uma síntese de todas as suas experiências. O Siba não é um guitarrista, como ele mesmo diz, mas é através da guitarra que ele expressa a sua musicalidade.

Estamos agora no processo de montagem e devemos lançar em breve uma versão curta para Internet. A versão longa metragem ficará para o final de 2011. Estamos com a ideia de realizar uma distribuição diferente.


Cadê você, que não voltou pra me fazer…
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

No play acima, o encontro de Odair José, Pitty e Cidadão Instigado no prêmio Multishow, nesta última terça à noite, no Rio de Janeiro, tocando pot-pourri de hits do Odair de ''Vou tirar você desse lugar'' e ''Uma vida só'' a ''Me adora'', da Pitty. Atenção para o momento precioso, participação de Rogério Flausino cantando junto na plateia, aos 3:17 do vídeo. Ba-dum-tsss.


Bixiga 70 nas terças do Berlin em setembro
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Não há nada melhor pra uma banda – especialmente instrumental – do que uma temporada, oportunidade de esquentar as juntas, azeitar interações, testar ideias coletivamente e em público. O Berlin, na Barra Funda, com sua climática luz vermelha e estiloso papel de parede, é lugar para apresentações sem tela de proteção ou rede de segurança, relação direta com som, ambiente, público. Vai ser legal ver temporada da big band paulistana de afrobeat e além Bixiga 70 nas tradicionais terças de jazz do clube, dez músicos naquela pista, baile total, durante todo setembro, com convidados como Bruno Morais, Pipo Pegoraro, Bruno Buarque, Kiko Dinucci, Arícia Mess, Anelis Assumpção. Na sequência vem boa novidade da banda: em outubro sai o primeiro single, compacto em vinil 7″ de ''Tema di Malaika'' b/w dub de Victor Rice.


Os vinis novos de Seu Jorge e Almaz
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Dentro da série What's In My Bag?, que o pessoal da loja de discos americana Amoeba faz com gente legal que passa por lá, Seu Jorge apareceu em Hollywood com o Almaz e escolheram alguns vinis, que mostraram pra câmera no play acima. Rolou bom gosto: Lúcio aumenta o repertório de guitarras com munheca com a compilação Legends of Benin e um álbum do Funk Inc, Pupillo expande a consciência e leva um Sun Ra, Seu Jorge assume o flautista vai de Hemerto Pascoal e Eric Dolphy.


Pernambuco Psicodélico
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Paêbiru, de 75, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, e No Sub Reino dos Metazoários, de 73, de Marconi Notaro, estão entre os mais raros dos mais raros vinis de música brasileira procurados e negociados em sebos, pela internet etc.

Não à tôa. Já foram lançados originalmente com poucas cópias, e a maioria destas se perdeu.

Mais importante, são discos absolutamente únicos, globais, ultramodernos, grooves psicodélicos, gosto regional próprio. Toda a cena musical do nordeste nos anos 70 hoje em dia soa impossivelmente contemporânea – conceitual e musicalmente.

Flaviola e o Bando do Sol, de 74, é outro destes álbuns cult, lançado na época pelo pequeno selo Solar.

E nenhum segredo é o disco de estreia em dupla de Geraldo Azevedo e Alceu Valença, lançado pela Copacabana em 72, sabida maravilha.

Juntando faixas de todos estes álbuns, mais o obscuro conjunto The Gentlemen, artistas pernambucanos dos sertões à beira de Olinda-á, encontros de folk rock e agreste árabe, a coletânea Psychedelic Pernambuco acaba de sair em vinil duplo pela gravadora inglesa Mr Bongo.

No play, teaser das 19 faixas da compilação.

O universo do nordeste cool, a redescoberta do groove do norte. O Guardian e o Telegraph estão de olho.

Por aqui as pistas estão surgindo, daqui a pouco certamente em maior escala. O LP da Mr Bongo, só importado. Os discos originais, claro, fora de catálogo há tempos.


Tulipa e Karina em vinil
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Em prensagem gringa e edição da Vinyl Land, de Belo Horizonte, dois álbuns essenciais da nossa música moderna acabam de ganhar versão em vinil: Efêmera, da Tulipa, e Eu Menti Pra Você, da Karina Buhr.

Você compra a princípio nos shows de cada uma delas, provavelmente em breve também em principais lojas e pelo site de ambas e da Vinyl Land.

A imagem, instagram, daqui.


despertador, apagador
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Até pra quem de repente já conhecia o trabalho de Karina Buhr – no Comadre Fulozinha ou no Teatro Oficina, por exemplo – seu primeiro disco foi uma surpresa: a musicalidade particular, a ótima banda, a poesia bonita e aguda, a intensidade das ideias e da performance. Agora, até pra quem de repente já conhece o primeiro disco de Karina, estou aqui esperando que seu segundo seja uma surpresa. Não demora: está no ar o vídeo da primeira música do novo álbum, filmado no Marrocos, dirigido e fotografado por Jorge Bispo, ''Cara palavra'', Karina tirando o véu, play acima.

A banda, com Bruno Buarque na bateria, Mau Pregnolatto no baixo, Guizado no trompete, a dupla de guitarristas Fernando Catatau e Edgard Scandurra e agora com o tecladista André Lima (que tem tocado com Kassin e Mallu, entre outros). Com patrocínio da Natura (contemplado no edital nacional 2010, do qual participei da comissão de seleção), produzido por Karina com Bruno Buarque e Mau, o disco novo sai em outubro, shows de lançamento acontecem em novembro e dezembro.

Esquentando, na quarta-feira dia 14 de setembro Karina Buhr se apresenta no Studio SP, festa para lançar edição em vinil de seu primeiro álbum.


pensar meio junto diferente no mesmo assunto
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Correndo por fora, pequena grande obra-prima desse nosso 2011 está chegando em pouco: Taxi Ímã, de Pipo Pegoraro, groove tranquilo, suavidade bem cantada, letras de sonho, de céu, de rua, de jardim, de sorriso de namorada, maré de alegria, suave bonjour. Afro, dub, bossa, bolero, pop, arranjos de sopro, som de banda, nascimento do Bixiga 70, caixinha de música com solos de piano elétrico, flauta, trompete, charango, viola. Produzido por Pipo e Bruno Morais, participações de Emiliano Sampaio, Bruno Buarque, Kiko Dinucci, Gui Kastrup, Luisa Maita. No play, ''Taxi ímã'', tira gosto, faixa-título e de abertura do álbum. O disco prensado e show de lançamento daqui um mês ou não muito mais. Sábado tem prévia no Teatro da Vila, pra lembrar.