Blog do Ronaldo Evangelista

Arquivo : Rita Lee

Tita Lima fala sobre o Jardim Elétrico dos Mutantes
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Ronaldo Evangelista

Dentro de uma série chamada DNA Musical, no site do Oi Novo Som, artistas comentam discos que foram importantes para sua formação. Há algumas semanas, em especial do dia dos pais, Tita Lima comentou o quarto disco dos Mutantes, já com seu pai, Liminha, integrado à formação como baixista, logo abaixo.

Já que vocês pediram para escolher um disco dos Mutantes com o meu pai, não tenho dúvidas: Jardim Elétrico. Escolho o quarto disco da banda, de 1971, por uma questão afetiva. Quando eu era criança adorava o desenho da capa. Tinha medo e atração pelo monstro, tinha aquela imagem decorada e talvez até conseguisse redesenhar a arte com os olhos fechados. Eu ficava ouvindo “Portugal de Navio”, rindo da voz esquisita do meu pai.

Era tão pequena que não entendia o duplo sentido das letras. Para mim, escutar Saltimbancos e Mutantes era divertido. Vou trepar na escada significava: “Vou trepar na escada!”. Vou te mandar para Portugal de Navio era isso mesmo, eu imaginava meu pai mandando minha mãe viajar em navios antigos.

Eu achava que a Rita era uma fada madrinha/bruxa, mas das boas e que ela sempre iria me proteger quando eu ficasse no escuro. Pra mim, a Rita não era 100% humana, mas uma fada que transitava entre os humanos disfarçada e só eu sabia o segredo dela. Ela piscava pra mim quando me via e fazia carinho na minha orelha, eu achava que aquilo era um código. rsrsrsr!

As músicas mais valiosas para mim, além de “Portugal de Navio”, são “Lady Lady” porque eu acreditava que esta música havia sido feita para minha avó que se chamava Layde. Eu não sabia inglês! E “El Justiceiro” formava um personagem na minha cabeça, ele era lindo e forte, quase um herói, e era parecido com Walmor Chagas! rsrsrs.

Na verdade todas as músicas eram importantes para mim, faziam parte de um contexto, um filme. Não dava para pular uma faixa, eu não sabia mexer em vitrola e chegar perto de agulha era bronca na certa! Além de criar meus personagens para esse disco, eu o conhecia de cabo a rabo, sabia cada solo, cada voz …cada virada de bateria.


Marcia Castro + Mariana Aydar + Mayra Andrade + Mariella Santiago
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Ronaldo Evangelista

Comentei do show de Marcia Castro recebendo Mariana Aydar, Mayra Andrade e Mariella Santiago no Conexão Vivo em Salvador e, olha só, a íntegra está online, para baixar aqui, tirado deste blog. O áudio está dando alguns paus eventuais, como se gravado em CD-r tosco, mas o som compensa. O show é parte do projeto Pipoca Moderna, de Marcia Castro, em que ela viaja para alguns shows pelo país com outras novas cantoras como convidadas.

A abertura do show foi em clima de dominação, com versão a quatro vozes de “Os mais doces bárbaros”, que você ouve no play acima. Na gravação da apresentação, entrou só no final, quando repetiram no bis. A banda estava formada por Gui Kastrup na bateria, Magno Vitor no baixo, Ricardo Prado no violão, teclado e acordeão e Rovilson Pascoal na guitarra e direção musical e o setlist foi assim:

01) Marcia Castro – De pés no chão (Rita Lee)
02) Mariella Santiago – Danado na cor
03) Mariana Aydar e Mariella Santiago – Aqui Em Casa (Duani e Mariana Aydar)
04) Mariana Aydar – Solitude (Mariana Aydar e Luisa Maita)
05) Marcia Castro e Mayra Andrade – Menina mulher da pele preta (Jorge Benjor)
06) Mayra Andrade solo
07) Mayra Andrade e Mariana Aydar – Tunuka
08) Marcia Castro e Mariana Aydar – Frevo (Pecadinho) (Tom Zé)
09) Marcia Castro e Mariella Santiago – Eu Sou Negão (Gerônimo)
10) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – O canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)
11) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Nha Damaxa
12) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Gererê (É o Tchan) / Preta Pretinha (Moraes Moreira e Galvão)
13) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Os mais doces bárbaros (Caetano Veloso)


Red Hot + Rio 2: tropicalismo intercontinental
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Ronaldo Evangelista

Quinze anos atrás, em 1996, a coletânea Red Hot + Rio fez um tributo moderno à música brasileira com gringos descolados como Stereolab, Everything But the Girl, Mad Professor, George Michael e Sting interpretando bossa nova. Agora, dia 28 de junho próximo, sai um segundo volume, desta vez com um olhar mais tropicalista da coisa. Se a bossa nova é um tranquilo estado de espírito, a tropicália é uma linguagem pós-moderna, natural para norteamericanos, caboverdeanos, europeus, brasileiros.

Em um CD duplo, com mais de meia centena de artistas colaborando em faixas majoritariamente inéditas, o Red Hot + Rio 2 tem Tom Zé encontrando Javelin para interpretar sua “Ogodô”, Marisa Monte se juntando a Devendra e Amarante pra um Caetano anos 80, Mayra Andrade cantando com Trio Mocotó, Phenomenal Handclap Band refazendo Milton com Marcos Valle, Madlib entortando Joyce, Vanessa da Mata cantando com o Almaz de Seu Jorge, Of Montreal reinterpretando o clássico “Bat Macumba” dos Mutantes com a versão século XXI dos próprios, Apollo Nove, Céu e N.A.S.A. mandando um Caetano em inglês, mais Orquestra Contemporânea de Olinda com Emicida, Money Mark com Thalma de Freitas, Beirut, DJ Dolores, Rita Lee, Curumin, Aloe Blacc, Marina Gasolina, Carlinhos Brown e um monte de gente.

Quem produz é Béco Dranoff (do selo europeu Ziriguiboom), que também produziu a primeira edição – ambas beneficentes, em combate à AIDS. A lista completa de músicas do CD você vê por aqui e logo abaixo um gostinho, com a californiana Mia Doi Todd colocando sotaque charmoso e abordagem indie na letra em português e no groove do afro-samba “Canto de Iemanjá”, de Baden e Vinicius:


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