Gui Amabis comenta Memórias Luso/Africanas
Ronaldo Evangelista
Para fazer seu primeiro disco solo, depois do Sonantes e várias trilhas, Gui Amabis mergulhou na inspiração de seus próprios antepassados, buscou o capricho de sons costurados com intimidade e convocou participações de Criolo, Tulipa, Lucas Santtana, Céu, Tiganá e mais um monte de gente legal para construir uma história de passado e tradição.
Apuro de produção, riqueza de detalhes, belas imagens poéticas, canções que fluem como causos com andamento de natureza, álbum que você pode ouvir todo pelo site, Memórias Luso/Africanas.
Hoje, terça-feira, Gui Amabis se apresenta no Sesc Pompeia, Prata da Casa, grátis, 20h, com convidados. Aproveitando a oportunidade e curioso com os mares navegados pelos sons do disco, pedi a ele um comentário faixa-a-faixa, logo abaixo.
DOIS INIMIGOS (com Thiago França)
A melodia inspirada no norte da áfrica serve de base para a letra que trata de um amor mestiço e inimigo, e do resultado disso.
ORQUÍDEA RUIVA (com Criolo, Sinhá e Régis Damasceno)
É praticamente um rock árabe. A música portuguesa tem essa origem por conta da invasão moura que durou aproximadamente 800 anos. Nesta cama Criolo destilou sua poesia sobre um amor etéreo e eterno.
SAL E AMOR (com Tulipa, Céu e Curumin)
Não quis ser totalmente literal, então tomei a liberdade de introduzir sons familiares a mim e fora do “tema” do disco. Neste caso uma pitada do Caribe, uma paixão musical.
SWELL (com Céu, Dengue e Samuel Fraga)
Certo dia pensando na travessia atlântica me peguei pensando em me transformar em água, e como esta faria este trajeto. Tentei passar isso através do arranjo e letra.
AO MAR (com Tulipa e Curumin)
Na mesma onda sonora de “Sal e Amor” trata do amor imigrante. Do homem que cruza um oceano deixando seu amor na terra natal, mas mesmo assim não perde o sentido e o sorriso.
DOCE DEMORA (com Céu, Siba, Dengue e Maurício alves)
Musicalmente a que melhor retrata a junção da música portuguesa e africana, essa quase “morna” (Gênero musical Caboverdeano) homenageia minha filha e o ciclo da vida no planeta.
O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA (com Lucas Santtana, Dengue e Samuel Fraga)
Uma valsa densa que retrata a saga de uma fuga. A minha preferida do disco. Letra inspiradíssima de Lucas Santtana.
IMIGRANTES (com Tiganá, Céu, Rodrigo Campos e Thiago França)
Um lamento sobre o pós-guerra.
PARA MULATU (com Criolo, Marcelo Cabral e Maurício Alves)
Homenagem ao músico Etíope Mulatu Astatke, novamente o tema do amor mestiço na poesia de Criolo.
FIM DE TARDE (com Céu)
O nome já diz tudo…