Blog do Ronaldo Evangelista

Arquivo : agosto 2011

Os Takara e o El Rocha
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Ronaldo Evangelista

Daniel Ganjaman, produtor e pianista. Fernando Sanches, baixista e engenheiro de som. Mauricio Takara, baterista e multiinstrumentista. Seu Cláudio, o patriarca. E Pascoal, o mascote. É a família Sanches Takara, contando mais suas histórias no vídeo acima, da TV Trip.

O cenário e base de operações é o estúdio El Rocha, apinhado de instrumentos analógicos, em Pinheiros, que tocam há anos e onde gravaram, nos últimos meses, álbuns de Marcelo Camelo a Criolo, além de toda uma turma interessada nos melhores sons. Parte importante da história, ainda com muito a ser contado.


Conversando com Erasmo Carlos
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Ronaldo Evangelista

Setenta anos de idade, 50 anos de estrada, 40 anos do clássico Carlos, Erasmo. “É muita comemoração, eu tenho que trabalhar”, brinca Erasmo. Disco novo cheio de novidades, só canções inéditas, parcerias interessantes, som nada careta, a essa altura e dois anos de seu último disco de inéditas, Rock ‘n’ Roll, exemplo de pique. O álbum novo, Sexo, produzido por Liminha, está na rua e você pode ouvir e saber mais por aqui. Aproveitando phoner pra bater aquele papo e falar sobre a vida, conversei com Erasmo hoje, logo abaixo.

Como foi o processo de gravação do disco, o Liminha fez os arranjos?

Foi igualzinho o outro disco. Eu faço a musica aqui em casa na minha bateria eletrônica. Então ele vai e comeca a alquimia dele lá. Ele obedece tudo que eu fiz, tudo como está, e vai vestindo aquilo, como se ele vestisse o esqueleto. Aí ele vai botando as guitarras, vai trocando a bateria eletrônica pela bateria humana e vai montando o disco. Vamos trocando ideia e montando o disco.

Tudo a partir do seu violão, da sua voz e da bateria eletrônica?

É, ele conserva às vezes alguns violões meus.

Bonito o violão de nylon em “Sentimento exposto”.

Ele disse, “Erasmo, esse violão eu vou ter que conservar porque ninguém sabe fazer”.

É raro ter violão seu nos discos, né?

É. Porque sempre mudam, né, bicho? Através da minha vida sempre foi assim: eu mostro pros músicos, eles começam a mudar os acordes, daqui a pouco vira outra música, sabe? Os músicos são modernosos. Eles estão sofrendo novas influências sempre, claro. Então qualquer música que eles pegam eles botam influência da época. Eu não, eu tenho minha influência de base. Então ela vai persistir em toda minha vida, acho que é isso que faz o estilo de uma pessoa. Eu gosto de adaptar as tendências para o meu negócio.

Esse processo de gravar em casa e levar pro Liminha é de dentro pra fora.

E conserva minha identidade na coisa.

Você chegou a compor canções que fugiam do tema? Tem um baú de canções ou todas que foram feitas foram utilizadas?

Não cara, aconteceu comigo uma coisa chata que eu fiz muito mais que as canções que as que entraram no disco. Na época eu estava mudando a minha tecnologia caseira. Eu ainda compunha com cassete, sabe?, aí eu passei pra minha época digital, comprei meu gravador digital. Então eu ia compondo, depois pegava o USB e depois fazia um disquinho e guardava. Aí passava e gravava outras coissas no USB, porque o que eu tinha feito estava guardado no CD. Cara, eu acabei perdendo três CDs! Perdi, não sei onde que foi, se roubaram, se deixei por aí. Não sei se porque eu estava gravando e os CDs voltavam e iam e voltavam e iam, de repente eu perdi. Já procurei tudo e ali tinha música pra caramba, tinha muito mais música do que eu gravei. Tem umas coisas ainda do Rock ‘n’ Roll, sobraram de lá.

Então foi questão de umas 30 músicas?

Foi por aí. Muitas eu sei de cabeça, outras não. Foi besteirada minha, coisa de aprendiz.

É bom, as que sobraram devem ser as melhores.

É, já estavam separadas em um CD pro Liminha.

Erasmo, até hoje sinto uma singeleza muito grande no seu jeito de compor. Uma certa simplicidade, uma abordagem quase zen, como uma busca.

Eu sou assim. O que eu mostro nas minhas músicas é o que eu sou, sabe? Por isso que eu acho que eu nunca precisei de analista, o que eu tenho que expressar eu expresso nas minhas canções. Então essa forma de você analisar, ou como qualquer pessoa analisar, é sincero, bicho. Não faço nada por armação, sou muito sincero nas coisas que eu falo.

Legal você falar de terapia, porque tem essa característica quase existencial. Lembrei daquela música linda que você deu pra Paula Toller uns anos atrás.

O q é q eu sou“. Eu não regravo essa música porque ela é muito pra mulher, sabe? A segunda parte dela é bem mulher cantando. Só por isso que eu não regravo. Mas eu queria muito regravar essa música que eu gosto muito dela.

E ultimamente rolou encontro com nova geração de músicos, tem chegado novas informações?

É, a gente tá sempre junto por aí, se encontrando. A minha aproximação com Arnaldo começou que fui gravar o DVD dele, Ao Vivo Lá em Casa. Lá nesse mesmo dia conheci o Jeneci. Aí eu fiz o Grêmio, programa do Arnaldo na MTV, depois ele participou de um show meu, claro que a parceria seria inevitável nesse novo disco, Sexo. O Jeneci também, a gente vai se conhecendo pela vida, como o Kassin, como o Domenico, que eu conheci atraves de Adriana Calcanhotto. a Silvia Machete, que fez um show inteiro com as musicas do Carlos, Erasmo. A gente vai se conhecendo assim pela estrada e vai formando uma amizade. Nos anos 80 já foi assim com Titãs, Kid Abelha, Ultraje a Rigor, vai vindo. Agora essa geração do Marcelo Jeneci. Eu fico feliz com isso porque eu vou ficando. Minhas músicas vão ficando de geração pra geração.

Como se fossem fazendo mais sentido, renovando o contexto.

É, muita gente entende muito mais minha música agora do que entendia na época que eu fiz.

Estava ouvindo recentemente uma gravação de uma música sua muito boa, só você tocando violão em um disco de entrevistas no começo dos anos 70…

O “Samba da preguiça“. Eu fiz essa música pra Nara Leão. Ela cantou num show dela e acabou não gravando. Quem gravou essa música recentemente foi Wanderlea, no último DVD dela.

Tem muitos sambinhas da época, né? “A hora é essa”, que a Célia gravou, “Eu queria era fica sambando”, que os Originais do Samba gravaram…

Ih, caramba, você é conhecedor da minha obra.

Sou fã desses sambinhas, Erasmo. Estou esperando seu disco de sambinhas.

Tá certo. (risos) Tá bom.

§ Erasmo Carlos se apresenta no Teatro Bradesco, em São Paulo, no dia 14 de setembro. Sexo acaba de ser lançado.


Analógico/Digital na Trackers
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Ronaldo Evangelista

Aniversário de quatro anos do coletivo Veneno, três anos do portal OEsquema, cinco anos de Gente Bonita e quatro meses e dez dias da última festa arrasa-quarteirão de encontro Analógico/Digital no prédio da Trackers. Não faltam motivos para comemoração nessa sexta, grande volta à esquina da avenida São João com o boulevard Dom José de Barros, centro de São Paulo, um andar inteiro para festa. Pista mágica, participações especiais, surpresas, forró groove em vinil, chicha em compactos e brasilidades em rotações versus hits pop conhecidos ou obscuros, originais ou remexidos, em versões digitais, além de tudo que você não pode nem prever. Sexta-feira, começo da noite, só confirmar presença no Facebook ou pelo email, botar fé e levar o pique.


Donato, sem pressa
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Ronaldo Evangelista

Nesta quarta, 17 de agosto, João Donato completou 77 anos. Com seu zengroovismo e sensibilidade musical de dedos mágicos bailando pé ante pé pelas possibilidades de beleza sobre as harmonias e infinitas melodias, louco é todo mundo que não é Donato.

Apareça compondo, tocando ou participando de inúmeros discos levando incontáveis ideias, sons, brilhantismos e particularidades, simples de ouvir e instintivamente criativa, a música de Donato é um grande sim.

Como só os muito dotados de presença de espírito e naturalidade conseguem fazer acontecer, o tempo parece se curvar para ele encaixar tantas sugestões de toques de leveza na alma quanto desejar.

O ritmo é seu, harmonia é um processo desencadeado, paz é um lugar interno e música é saber se deixar levar. É legal saber pra onde se está indo e o prazer da viagem é a viagem.

§ No extra “As Aventuras de João”, do DVD Donatural, momentinhos, Donas comenta:

Pra passar prum mundo mais despreocupado com a vida. E menos apressado de chegar ali do outro lado da rua pra fazer não sei o quê. Pra ter ido logo e voltado logo e voltado pra casa logo pra assistir logo um programa logo e dormir logo e acordar logo pra sair de manhã logo e chegar não sei aonde logo.

E aí às vezes não tem tempo de tomar o cafezinho na hora do almoço porque, dá licença, não posso ficar pro cafezinho porque tenho que ir logo pra não sei aonde. E vai logo e você fica parado com dois cafezinhos. Aí você acaba não tomando nenhum dos dois, parece que você esqueceu de tomar até o seu café também.

Aí tudo isso faz você pensar que não tem pressa pra ir a lugar nenhum. Mesmo porque ninguém vai a lugar nenhum mesmo, vai todo mundo um dia morrer e se divertir com os momentinhos que foram passando lentamente pela pessoa. Senão ela não dá tempo nem de olhar para o lado. Se for muito depressa, você chega lá e não sabe mais onde está indo e não sabe mais por onde está passando. Nem foi, nem viu por onde ia.

Dizem que o prazer da viagem está na viagem, não em ter chegado lá. Quando chega lá, aí é festa total. Mas não é esperar pra chegar lá pra ser feliz. Você é feliz indo pra lá, desde ontem. O regulamento é assim: ser feliz ou ser feliz.

§ Acompanhando por 15 anos auge gravações de e com Donato, de trombone latino no Brasil e jazz em discos latinos a órgãos e pianos elétricos crazy e suaves, nos States e de volta, seleção em play contínuo logo abaixo, Donato 60-75:

João Donato e seu Conjunto – Mambinho (Dance Conosco, 1960)
Mongo Santamaria – Sabor (Mighty Mongo, 1962)
Tito Puente & His Orchestra – Sambaroco (Vaya Puente, 1962)
Donato e Seu Trio – Jodel (Muito à Vontade, 1962)
Donato e Seu Trio – Sambongo (A Bossa Muito Moderna de Donato e Seu Trio, 1963)
João Donato – It didn’t end (The New Sound of Brazil, 1965)
Bud Shank – Sausalito (Bud Shank and His Brazilian Friends, 1966)
Sergio Mendes & Brasil ’66 – The Frog (Look Around, 1968)
Cal Tjader – Warm song (The Prophet, 1968)
Cal Tjader – Amazon (Solar Heat, 1968)
João Donato – Cadê Jodel? (A Bad Donato, 1970)
João Donato e Eumir Deodato – Batuque (Donato/Deodato, 1972)
João Donato – Me deixa (Quem é Quem, 1973)
Nana Caymmi – Ahiê (Nana Caymmi, 1973)
Gal Costa – Até quem sabe (Cantar, 1974)
João Donato – Deixei recado (Lugar Comum, 1975)

§ A linda e íntima foto, de Jorge Bispo, 2008, veio daqui.


azar ou sorte de quem multiplica e soma
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Um faz, outro desfaz. Pedro Santos, Sorongo, percussionista inventor de seus próprios instrumentos e padrões, compositor de grandes ideias e ideais, autor da obra-prima sem par Krishnanda, de 1968, em 40 anos de carreira participou de mais discos e escreveu mais canções do que poderia sugerir o seu semianonimato.

Em 1976, o excelente e ultrararo LP Nira Congo, do Conjunto Baluartes, formado por Eliseu, Luna e Mestre Marçal mais Marçalzinho, Dotô e Toninho, todos ritmistas, samba pesado e de tempero afro particular, incluía pérola existencialista de Sorongo, puxado no cavaquinho e percussão das esferas, “Conflito“.

Pedro Santos pensava e dizia umas coisas tão pontuais, tão únicas e tão certeiras, que ouvi-lo é mais que lição de filosofia, é aprendizado de vida. Você vai ouvindo, vai ouvindo, e de repente quando vê a ideia já está dentro de você, já é um ponto novo nos seus contos. Só abrir a cabeça e os ouvidos e ouvir, a melhor música do mundo hoje, play logo abaixo.

um faz, outro desfaz
vida de morte num mundo que não tem paz
um toma, outro retoma
azar ou sorte de quem multiplica e soma

cada qual mais entendido mais sabido em seus contos
se agachando sempre achando se perdendo nos descontos
noutros dados são quadrados tem seus lados com seus pontos
sacudidos são jogados que os vencidos ficam tontos


Orkestra Rumpilezz em São Paulo hoje
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Ronaldo Evangelista

A Orkestra Rumpilezz, big band de atabaques e sopros, jazz profundo e africanismo rítmico, liderada pelo maestro baiano Letieres Leite, é uma das formações musicais mais emocionantes e evoluídas destes nossos tempos. Formada em 2006 a partir das pesquisas de arranjo de Letieres, com seu incrível primeiro álbum lançado em 2009, de lá pra cá a Rumpilezz impressionantemente só melhora.

Enquanto novidades em disco ainda não chegam, vê-los ao vivo é obrigação de ser humano, ter ouvidos e estar na mesma cidade que eles. Então, se você está em São Paulo, hoje, sexta, às 20h, a Orkestra toca dentro do projeto Rumos Música, no Itaú Cultural, avenida Paulista, grátis, ingressos meia hora antes. Ironicamente, enquanto Letieres está em São Paulo estou na Bahia, mas se eu fosse você e estivesse na área, está avisado: imperdível.

Vídeo acima, para apresentar a banda, daqui.


Pituba, Salvador, Bahia
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Ronaldo Evangelista

De quinta a domingo acontece em Salvador, praia da Pituba, o festival Conexão Vivo. Viajo à Bahia a convite do evento, que reúne em 4 dias 55 artistas, a maioria na dinâmica novo-nome-convida-ídolo-ou-amigo. A Cor do Som, Gaby Amarantos, Marcia Castro, Mariana Aydar, Wilson das Neves, Manuela Rodrigues, Romulo Fróes, Rebeca Mata, Felipe Cordeiro, Pepeu Gomes, Paulo Miklos, Elza Soares, Marku Ribas, Di Melo, Edson Gomes são alguns dos nomes pelas noites, à beira mar, sob a lua quase cheia, de graça. A foto, pra dar aquela ideia, é do festival do ano passado. Se estiver por Salvador, não aparecer é vacilo. Se não estiver, estou aqui de olho e depois te conto.


Estado de sonho
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Ronaldo Evangelista

Matéria ontem na Folha Ilustrada sobre o disco novo de Kassin, Sonhando Devagar, saiu acompanhada de crítica minha, despertando, abaixo.

Os sentidos adormecidos, a percepção ainda livre de influências exteriores, aquela momentânea incerteza sobre o que é real e o que é imaginado: nossa sensibilidade fica aguçada de uma maneira muito particular quando acordamos, envolvendo o ritmo do mundo em estado de sonho.

Esse espírito difuso, leve e agradável, dos nossos primeiros momentos despertos parece ser o registro em que existe “Sonhando Devagar”, o primeiro disco solo de Kassin – ou segundo, ou terceiro, ou quarto, dependendo de onde começar a contar.

“Eu sonhei” são as primeira palavras do disco, e a ideia permeia letras e inspirações, liberdade conceitual de cantar sobre calças de ginástica, bolhas de sabão, telefones fora de área, bebês no sofá, suor e sorvete, câimbras noturnas e mioclonia.

Ironia bem humorada e psicodelia tropical, brincando com o absurdismo de literalidades, trava-línguas, oposições, inversões, malandragem, detalhismo espirituoso, simplicidade de intenções, excentricidade divertida – a mesma abordagem heterogênea e espontânea para conceitos e para sons.

Cruzando timbres de discos brasileiros dos anos 70 com pop japonês, bolero e samba-rock com indie e eletrônico experimental, música doce sobre sangue de foca e discopunk safada, Kassin funciona no encontro, no atrito, na confluência.

Se no mundo nada se cria e nada se perde, tudo se transforma, o mais interessante da obra do produtor e compositor é ver seu talento alquímico de transmutação de material bruto – estilos, referências, sons, ideias cotidianas – em pequenas pérolas pop de sofisticação casual. A ponta da criatividade nas recombinações, a justaposição de elementos já em si uma nova criação.

Tags : Kassin


Gui Amabis comenta Memórias Luso/Africanas
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Ronaldo Evangelista


Para fazer seu primeiro disco solo, depois do Sonantes e várias trilhas, Gui Amabis mergulhou na inspiração de seus próprios antepassados, buscou o capricho de sons costurados com intimidade e convocou participações de Criolo, Tulipa, Lucas Santtana, Céu, Tiganá e mais um monte de gente legal para construir uma história de passado e tradição.

Apuro de produção, riqueza de detalhes, belas imagens poéticas, canções que fluem como causos com andamento de natureza, álbum que você pode ouvir todo pelo site, Memórias Luso/Africanas.

Hoje, terça-feira, Gui Amabis se apresenta no Sesc Pompeia, Prata da Casa, grátis, 20h, com convidados. Aproveitando a oportunidade e curioso com os mares navegados pelos sons do disco, pedi a ele um comentário faixa-a-faixa, logo abaixo.

DOIS INIMIGOS (com Thiago França)

A melodia inspirada no norte da áfrica serve de base para a letra que trata de um amor mestiço e inimigo, e do resultado disso.

ORQUÍDEA RUIVA (com Criolo, Sinhá e Régis Damasceno)

É praticamente um rock árabe. A música portuguesa tem essa origem por conta da invasão moura que durou aproximadamente 800 anos. Nesta cama Criolo destilou sua poesia sobre um amor etéreo e eterno.

SAL E AMOR (com Tulipa, Céu e Curumin)

Não quis ser totalmente literal, então tomei a liberdade de introduzir sons familiares a mim e fora do “tema” do disco. Neste caso uma pitada do Caribe, uma paixão musical.

SWELL (com Céu, Dengue e Samuel Fraga)

Certo dia pensando na travessia atlântica me peguei pensando em me transformar em água, e como esta faria este trajeto. Tentei passar isso através do arranjo e letra.

AO MAR (com Tulipa e Curumin)

Na mesma onda sonora de “Sal e Amor” trata do amor imigrante. Do homem que cruza um oceano deixando seu amor na terra natal, mas mesmo assim não perde o sentido e o sorriso.

DOCE DEMORA (com Céu, Siba, Dengue e Maurício alves)

Musicalmente a que melhor retrata a junção da música portuguesa e africana, essa quase “morna” (Gênero musical Caboverdeano) homenageia minha filha e o ciclo da vida no planeta.

O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA (com Lucas Santtana, Dengue e Samuel Fraga)

Uma valsa densa que retrata a saga de uma fuga. A minha preferida do disco. Letra inspiradíssima de Lucas Santtana.

IMIGRANTES (com Tiganá, Céu, Rodrigo Campos e Thiago França)

Um lamento sobre o pós-guerra.

PARA MULATU (com Criolo, Marcelo Cabral e Maurício Alves)

Homenagem ao músico Etíope Mulatu Astatke, novamente o tema do amor mestiço na poesia de Criolo.

FIM DE TARDE (com Céu)

O nome já diz tudo…