Goma-Laca, Volume I
Ronaldo Evangelista
Em apresentação única, hoje às 19h no Centro Cultural São Paulo, o quinteto Sambanzo e convidados especiais reinventam achados do precioso acervo de 78 rotações da Discoteca Pública Municipal, criada por Mário de Andrade em 1935 e até hoje fantástico centro de pesquisas, infinito universo de coisas bonitas.
Investigando sonoridades afrobrasileiras de gravações dos anos 30, 40 e 50, de macumbas estilizadas a antigos cantos de trabalho, o Sambanzo cria grooves de combustão espontânea, com Thiago França no saxofone e flauta, Kiko Dinucci na guitarra, Marcelo Cabral no contrabaixo, Welington Moreira (Pimpa) na bateria e Samba Sam na percussão, recebendo seis diferentes cantores e rimadores acrescentando pontos de vista ao repertório.
Emicida relê Moreira da Silva. Luisa Maita faz versões ultracool de Trio de Ouro e Denis Brean. Bruno Morais latiniza Aracy de Almeida e Grupo X. Juçara Marçal canta Ogum no afrobeat e incorpora o transe no terreiro Iorubá do Jorge da Silva. Rodrigo Brandão encontra Zé Fechado e conecta ritmo e poesia e Ary Barroso. Marcelo Pretto faz festa pra Pixinguinha e adapta Inezita Barroso. O próprio Sambanzo encontra origens em J.B. de Carvalho e a música mostra que existe em todas as épocas ao mesmo tempo.
Parte da série Goma-Laca, que envolve também programa radiofônico, exposição dos 78s originais e pequena homenagem à Oneyda Alvarenga, primeira diretora da Discoteca e que hoje lhe empresta o nome. Noite única, só santo forte, sábado em 78 por minuto.