Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Ao Vivo

Soy loco por ti, América
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Ronaldo Evangelista

Fim de semana fui ao Jóquei Clube acompanhar os shows do festival Telefônica Sonidos, realizado pela Sony Music, com Julieta Venegas recebendo Marisa Monte, Los Amigos Invisibles recebendo Seu Jorge, Alex Cuba recebendo Tulipa, Jota Quest recebendo Illyah Kuryaki & Los Valderramas, Camila recebendo Wanessa Camargo, Victor e Leo não recebendo ninguém. A cobertura saiu no Uol Música e você pode ler sobre a sexta aqui e sobre o sábado aqui.


Bixiga 70 na Seleta Coletiva
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A big band de grooves de tempero afro Bixiga 70, dez músicos de São Paulo tocando temas autorais e versões ocasionais de Fela Kuti, SoulJazz Orchestra, Pedro Santos e K. Frimpong, se apresenta hoje no Studio SP, dentro da festa Seleta Coletiva – assumindo o posto habitual do Instituto, em Brasília para show do Criolo. O som do Bixiga só melhora, single e álbum de estreia estão para sair e você pode saber mais lendo essa entrevista que fiz com eles, clicando por exemplo aqui ou simplesmente aparecendo no show, pontualmente às 23h, rua Augusta.


Beto Villares na Casa do Núcleo
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Ronaldo Evangelista

De hoje, quinta, a sábado, na Casa do Núcleo Contemporâneo de Benjamin Taubkin, espaço no Alto de Pinheiros, centro cultural de música, acontece temporada de Beto Villares, apresentando canções de seu possível segundo disco, com convidados como Anelis Assumpção e Marcelo Pretto. Excelentes Lugares Bonitos, álbum de 2003, primeiro de Beto, é uma joia rara – e todo seu trabalho no Ambulante Estúdio é coisa fina, incluindo os discos que produziu de Céu e Siba e Itamar. Considerando seu toque-de-ouro de tranquilidade sensível e como são poucas suas apresentações ao vivo, dá pra dizer que é imperdível.


Marcia Castro + Mariana Aydar + Mayra Andrade + Mariella Santiago
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Ronaldo Evangelista

Comentei do show de Marcia Castro recebendo Mariana Aydar, Mayra Andrade e Mariella Santiago no Conexão Vivo em Salvador e, olha só, a íntegra está online, para baixar aqui, tirado deste blog. O áudio está dando alguns paus eventuais, como se gravado em CD-r tosco, mas o som compensa. O show é parte do projeto Pipoca Moderna, de Marcia Castro, em que ela viaja para alguns shows pelo país com outras novas cantoras como convidadas.

A abertura do show foi em clima de dominação, com versão a quatro vozes de “Os mais doces bárbaros”, que você ouve no play acima. Na gravação da apresentação, entrou só no final, quando repetiram no bis. A banda estava formada por Gui Kastrup na bateria, Magno Vitor no baixo, Ricardo Prado no violão, teclado e acordeão e Rovilson Pascoal na guitarra e direção musical e o setlist foi assim:

01) Marcia Castro – De pés no chão (Rita Lee)
02) Mariella Santiago – Danado na cor
03) Mariana Aydar e Mariella Santiago – Aqui Em Casa (Duani e Mariana Aydar)
04) Mariana Aydar – Solitude (Mariana Aydar e Luisa Maita)
05) Marcia Castro e Mayra Andrade – Menina mulher da pele preta (Jorge Benjor)
06) Mayra Andrade solo
07) Mayra Andrade e Mariana Aydar – Tunuka
08) Marcia Castro e Mariana Aydar – Frevo (Pecadinho) (Tom Zé)
09) Marcia Castro e Mariella Santiago – Eu Sou Negão (Gerônimo)
10) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – O canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)
11) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Nha Damaxa
12) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Gererê (É o Tchan) / Preta Pretinha (Moraes Moreira e Galvão)
13) Marcia, Mariana, Mariella e Mayra – Os mais doces bárbaros (Caetano Veloso)


O que vi, ouvi e aprendi no Conexão Vivo
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Ronaldo Evangelista

§ O festival Conexão Vivo existe há onze anos (antes era patrocinado pela Telemig Celular), nascido na cidade de Belo Horizonte e hoje por estados como Pará e Bahia, além de Minas Gerais. Entre os dias 11 e 14 de agosto de 2011 aconteceu a segunda edição em Salvador, praia da Pituba, praça Wilson Lins, espaço a céu aberto para 20 mil pessoas.

§ No primeiro dia, grande momento veio com Di Melo, que participou do show da banda mineira Black Sonora e cantou a toda clássicos de seu clássico LP de 1975, “Kilariô” e “A vida em seus métodos diz calma”. Aproveitou para avisar que estreou no festival de cinema de Garanhuns, e em breve nos cinemas, o documentário O Imorrível e já decretou: melhor é impodível.

§ O paraense Felipe Cordeiro participou como guitarrista de dois shows e como público de quase todos. Pelos camarins, contou que seu primeiro álbum Kitsch Pop Cult, produzido por André Abujamra, patrocínio do próprio Conexão Vivo, está sendo lançado este mês. Como se diz em Belém (me ensinou Felipe): pai d’égua.

§ Armandinho parece ser uma espécie de Lanny Gordin da guitarra baiana, tocando como nunca. Participou solando Santana no show de Gilvan de Oliveira e, com Dadi e Mú etc, reviveu o pop de sotaque prog ensolarado d’A Cor do Som, com participação de Pepeu Gomes.

§ Pepeu circulava vestindo preto nas roupas e longos cabelos, mas mais estilosa era sua filha de seis anos, que pelas noites de festival alternou calças de oncinha e de couro, lenços, botas e camisas coloridas, senso apurado de moda.

§ Bem doido – e interessante – o som da banda de Juarez Maciel, entre ska, jazz, salsa, xote, música cigana, pop, com sopros, teclado, violino e participação de Edgard Scandurra.

§ Não devia ser coincidência Marku Ribas estar descalço e vestido de branco no palco: foi ótimo seu som tranquilo mas na pegada, vozeirão sobre suingue de violão de nylon e baixo elétrico, bateria grooveada e naipe de sopros, repertório de seu último disco, 4 Loas.

§ No segundo dia de festival a chuva parou magicamente quando entraram no palco Marcia Castro recebendo Mariana Aydar, Mayra Andrade e Mariella Santiago, já no alto astral, altas transas, lindas canções, tirando a onda de interpretar de abertura “Os mais doces bárbaros”, planos muito bons de 1976 da brigada tropicalista.

§ Em seu primeiro disco, Marcia gravou de Tom Zé “Pecadinho”, que no show cantou com Mariana Aydar. Já o novo disco de Marcia, fiquei sabendo por lá, sai em breve e inclui outra versão de pérola escavada do compositor: “Você gosta?”, das melhores, lançada em compacto em 1969, derramado toda hora.

§ A caboverdeana Mayra Andrade hipnotizou geral com sua voz bem única, linda, rouca, cantando “Tunuka” (que foi hit com todo mundo cantando junto) e deliciosa versão de “Menina mulher da pele preta”, de Jorge Ben.

§ Mariana Aydar foi a artista que mais distribuiu autógrafos e pose para fotos depois do show. Mayra Andrade foi a que mais deu entrevistas a jornalistas, com fila de repórteres de gravador na mão. No último dia também apareceu com destaque o fã-clube do tecnológico e artesanal grupo Percussivo Mundo Novo.

§ Com seu tecnomelody eletrobrega evoluído, Gaby Amarantos fez show ligada no 220, cantando a toda sem deixar cair, repertório dançante, divertido, esperto, elétrico. Entre as músicas, “Como acontece a chuva”, composição de Thalma de Freitas e Iara Rennó para seu álbum. Por todo o show a paraense arranhou pouco a voz e concluiu sem cantar “Tô solteira”. Adeus, Beyoncé do Pará. Um disco e tanto deve vir por aí.

§ Aliás, Gaby Amarantos também revelou por lá o título de seu aguardado álbum: Treme. Produzido por Carlos Eduardo Miranda, juntando Waldo Squash da Gang do Eletro e Félix do La Pupuña, sai logo menos com patrocínio do Conexão Vivo e distribuição nacional.

§ A garoa fina parecia cenografia encomendada para o show de Lenine, maior nome do festival, que fechou a sexta-feira. Tranquilamente carismático, popstar sem esforço, embalou com seu violão e banda afiada hits cantados de peito aberto no palco e fora dele.

§ Um número de ativistas se juntou na frente dos palcos, antes de cada show, e puxou nos quaisquer momentos de silêncio coros de “Belo Monte, não!” Gaby Amarantos, quando chamaram sua atenção, apoiou: “É claro que Belo Monte não, eu sou da floresta!

§ Aproveitando uma pancada de chuva que espantou seguranças conferidores de pulseirinhas de seus postos, dois rapazes da turma de “Belo Monte, não!” ficaram pelo chiqueirinho de imprensa, até um deles tentar subir no palco e hastear bandeira. Lenine, em ritmo de paz e espírito apaziguador, acalmou os seguranças, tranquilizou os rapazes e voltou a cantar, do começo, acompanhado por todos, “Paciência“.

§ Falando nele, outra nova de trás do palco: está pronto, e para sair, o novo álbum de Lenine, Chão, a qualquer momento.

§ Durante o show de Alisson Menezes e a Catrupia, ainda no começo da noite de sábado, um boi-burrinha invadiu o público, que abriu a roda e se animou – como fez, aliás, com praticamente todos os ritmos e propostas que pintaram pelo evento.

§ Foi elogiado o duelo de MCs promovido pela Família de Rua na Estrada, de Belo Horizonte. Com um sistema de avaliação que misturava aplausos e dois juízes no palco, o vencedor do duelo foi o MC Shugs, de Salvador.

§ Criolo fez uma aparição em som, em certo momento rolando nas caixas “Não existe amor em SP”, discotecado por, ouvi falar mas não vi, BNegão.

§ Romulo Fróes, que participou do show de Manuela Rodrigues, cantou de seu último álbum a canção “Filho de Deus”, dedicada ao pai baiano, e foi aplaudido com calor. Ele só pensou tomara.

§ Foi curioso ver Paulo Miklos por lá, participando do show do Porcas Borboletas, a extrema urbanidade paulista de “Bichos escrotos” de alguma maneira fazendo sentido tocada por mineiros estranhos e entoada pela grande plateia baiana à beira mar.

§ Elza Soares entrou de cadeira de rodas e sentou-se um sofá branco para participar do show da gafieira Senta a Pua!, mas a operação na coluna que disse ter feito (“mas não na voz!”) não a impediu de esbanjar energia, jogar papinho pra cima do trompetista bonitão, cantar emocionantemente a capella e suingar como se tivesse 20 anos, o que parece ter de espírito, com sua voz rasgada e intensa como no auge. Foi um dos momentos mais aplaudidos de todas as noites.

§ Já o maior coro de todas as noites do festival aconteceu durante as músicas de Edson Gomes, participando do show de Celso Moretti (que se definiu como reggae-favela, enquanto estilingava poemas em papéis amassados ao público).

§ Wilson das Neves, Virgínia Rodrigues, Luiz Chagas, Gui Kastrup, Duani circulavam pela área dos camarins e produção e imprensa, com banquinha de acarajés e o quiosque da Jane Fonda baiana ao alcance do braço.

§ Ao lado do palco, à frente do mar, uma turma caminhava e pulava sobre uma corda bamba amarrada entre dois coqueiros. Talvez não fosse intencional, mas em vários momentos davam um novo ritmo à noite, como um balé surreal seguindo a trilha dos shows.

§ A lua surgiu grávida e ficou completamente cheia no domingo, flutuando como um balão fluorescente no céu de Salvador.

§ Outras críticas, reminiscências e relatos do Conexão Vivo: por Marcus Preto, por Pedro Alexandre Sanches, por Esperança Bessa, por Lauro Lisboa Garcia, por Guito & Fernanda Perez, por Amauri Gonzo e por Marcelo Costa.

§ Fotos do post do flickr do festival.


Orkestra Rumpilezz em São Paulo hoje
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Ronaldo Evangelista

A Orkestra Rumpilezz, big band de atabaques e sopros, jazz profundo e africanismo rítmico, liderada pelo maestro baiano Letieres Leite, é uma das formações musicais mais emocionantes e evoluídas destes nossos tempos. Formada em 2006 a partir das pesquisas de arranjo de Letieres, com seu incrível primeiro álbum lançado em 2009, de lá pra cá a Rumpilezz impressionantemente só melhora.

Enquanto novidades em disco ainda não chegam, vê-los ao vivo é obrigação de ser humano, ter ouvidos e estar na mesma cidade que eles. Então, se você está em São Paulo, hoje, sexta, às 20h, a Orkestra toca dentro do projeto Rumos Música, no Itaú Cultural, avenida Paulista, grátis, ingressos meia hora antes. Ironicamente, enquanto Letieres está em São Paulo estou na Bahia, mas se eu fosse você e estivesse na área, está avisado: imperdível.

Vídeo acima, para apresentar a banda, daqui.


Pituba, Salvador, Bahia
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Ronaldo Evangelista

De quinta a domingo acontece em Salvador, praia da Pituba, o festival Conexão Vivo. Viajo à Bahia a convite do evento, que reúne em 4 dias 55 artistas, a maioria na dinâmica novo-nome-convida-ídolo-ou-amigo. A Cor do Som, Gaby Amarantos, Marcia Castro, Mariana Aydar, Wilson das Neves, Manuela Rodrigues, Romulo Fróes, Rebeca Mata, Felipe Cordeiro, Pepeu Gomes, Paulo Miklos, Elza Soares, Marku Ribas, Di Melo, Edson Gomes são alguns dos nomes pelas noites, à beira mar, sob a lua quase cheia, de graça. A foto, pra dar aquela ideia, é do festival do ano passado. Se estiver por Salvador, não aparecer é vacilo. Se não estiver, estou aqui de olho e depois te conto.


Conexão Nave-Mãe
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Ronaldo Evangelista

Muito estranho terminar a sexta vendo George Clinton no auge aos 70 e começar o sábado sabendo da Amy partindo aos 27, alegria total à profunda tristeza fatalista. Seja como for, alheios aos caminhos que Amy trilhava, nós e Clinton abusávamos da madrugada, comemorando o aniversário do capitão da nave-mãe em grande estilo, libertando o quadril e expandindo a mente. Abaixo, a crítica que escrevi direto do front, publicada na Folha.

Talvez se você já conhecesse algum dos discos de suas clássicas bandas Parliament ou Funkadelic ou tivesse lido sua autodescrição como “guarda de trânsito” no palco entre mais de 20 músicos, poderia se considerar preparado para um show de George Clinton em toda sua apoteose.

Mas a nave-mãe pousou com estilo extra na madrugada da última sexta-feira, apresentação do mestre funk dentro de festival “black” – de saída especial por ser a comemoração em pleno palco do aniversário de 70 anos de Clinton.

Recepcionado pelos rappers Flavor Flav e Chuck D, da banda Public Enemy, que apareceram de surpresa para participação logo no início do show, George Clinton entrou no palco de quepe de piloto, orquestrando a balbúrdia dançante no meio de um guitarrista mascarado e uma vocalista patinadora, entre outros personagens.

Quando apareceu um bolo no palco para acompanhar os parabéns que todos cantavam, Clinton sem hesitar arrancou um pedaço com a mão, serviu-se e ainda lambuzou os rostos de seu guitarrista e Flavor Flav.

Apesar das extravagâncias, a banda seguia absolutamente perfeita em cada nota, acorde, solo, dinâmicas em hits como “Give up the funk”, “Free your mind and your ass will follow”, “Flash light”, “Knee deep” e “Mothership connection”. Aula de música dançante, lição de diversão e libertação. Não à toa, na plateia o icônico dançarino Nelson Triunfo exibia um dos maiores penteados afro já vistos no Brasil.

Em “Somethin’ stank” (de letra que diz algo como “senti o cheiro e quero um pouco”), Clinton convocou ao palco a neta rapper, Sativa Clinton, e fez sinais encorajando ao público que fumasse. Pediu e foi atendido: um presente encostou no palco e lhe ofereceu um cigarro enrolado à mão (presumivelmente um baseado), que Clinton acendeu ali mesmo, na hora.

Entre música máxima, performances algo surrealistas e o irresistível chamado à diversão em tempo integral de Clinton, não foi muito diferente do que se esperaria de uma viagem psicodélica a outra dimensão. No caso, ao universo colorido e particular de George Clinton.


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