Blog do Ronaldo Evangelista

Tropikalia
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Levo alguns LPs especiais da coleção pra passear no Alberta #3, onde toco hoje representando Peba Tropikal, irmão de Veneno e residente da festa pré-festa Tropikalia, das 20h às 23h, charme de fim de noite e começo da madrugada na avenida São Luis.


Esperanza Spalding & Milton Nascimento
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Conheci Esperanza Spalding em janeiro de 2006, quando ela tinha 21 anos, um recém-gravado e independente álbum de estreia e vinha pela primeira vez ao Brasil, se apresentar no Sesc Pompeia. Então professora, uma das mais jovens da história da escola, já era dessas artistas que se espalham como uma coisa secreta e especial entre os ouvintes, soma constante. Na época, já me contou que era fã de Edu Lobo e Pixinguinha, o que escrevi na época na Ilustrada. Essa semana, a encontrei em um hotel de São Paulo para conversar sobre seu encontro com Milton Nascimento, em show hoje no Rock in Rio e, oxalá, um álbum juntos. Na Ilustrada de hoje ou, bate papo completo, abaixo.

Esperanza Spalding quer disco com Milton

Esperanza Spalding era uma jovem estudante de contrabaixo da famosa Berklee College of Music quando conheceu a música de Milton Nascimento. Dali até tornar-se uma das mais jovens professoras da mesma Berklee, encontrar reconhecimento irrestrito como ótima instrumentista e afinal ganhar o Grammy de Artista Revelação em 2011, a música de Milton continuou com ela.

Regravou “Ponta de areia”, convidou Milton para cantar em seu disco mais recente, tornou-se amiga próxima e veio passar o último ano novo com ele. Agora, na tarde deste sábado, dentro da programação do Rock in Rio, o encontro da música dos dois se materializa em apresentação em dupla no palco Sunset, às 16h45.

Em conversa em São Paulo, antes de partir para a Cidade do Rock, a instrumentista e cantora de 26 anos, simpática e elegante com um enorme penteado afro, contou sobre sua relação com a música brasileira e a música de Milton e os planos de continuarem fazendo música juntos.

Conversamos a primeira vez há cinco anos, quando veio ao Brasil pela primeira vez.

Que legal!

Lembro que ali você já comentou que amava música brasileira, citou até Pixinguinha.

Tinha esquecido. É interessante, tanta coisa aparece, eu até esqueço o que gostava três anos atrás. Tanta coisa aconteceu desde então.

Você se lembra de quando tomou consciência da música brasileira como uma coisa única?

Honestamente, a primeira vez que ouvi não sabia o que era, não me importava. Acho que era um disco do Stan Getz. Definitivamente me lembro de ter uma fita com várias coisas gravadas e uma delas era João Gilberto cantando, e isso foi, “uau”. Mas eu nem sabia de onde ele era. Digo, eu sabia onde ficava o Brasil no mapa, mas não tinha familiaridade com a música. Esse foi o primeiro impacto, mas não como algo a estudar ou seguir. Era uma canção incrível que eu ficava ouvindo muito.

Depois, quando cheguei na Berklee, conheci muita música nova pelas pessoas. Você sabe, é o que se faz: “ouve isso, ouve isso”. Então ouvi “Native Dancer”, de Wayne Shorter, foi quando ouvi o Milton pela primeira vez. Embora acho que eu já tivesse ouvido Hermeto Pascoal antes disso, há muitos estudantes de sua música.

Alguém tinha uma coleção de CDs com músicas de carnaval de todo o Brasil, todas as diferentes tradições de carnaval. Como aquela com o guarda-chuva, frevo. Muitos sons diferentes. Ouvi também Dorival Caymmi. Alguém me deu um CD com versões de músicas do Dorival Caymmi, foi quando conheci Caetano Veloso. E talvez Joyce. Rosa Passos também ouvi muito.

Não houve um evento específico incrível. O evento de que me lembro mais distintamente foi definitivamente ouvir “Native Dancer” e ouvir Milton. Depois disso foi apenas pessoas me mostrando coisas legais: “se você gosta disso, precisa ouvir isso”, e aí você vai descobrindo outras coisas.

Sabe dizer o que na música do Milton saltou ao seu ouvido?

Acho que não conseguiria. Pessoas assim são algo tão maior que os elementos que você pode analisar com seu intelecto. Somente alguém muito mais eloquente e poético que eu poderia dizer. De tudo que eu gosto na música dele, se eu dissesse “isso é o que eu gosto” e tirasse e analisasse, não seria a razão. É ele. Ele impacta. Ele é a força de vida de sua música. Não sei explicar isso, mas ele é incrível.

Tenho o exemplo perfeito: Maria Gadú estava em Nova York e me chamou pra tocar baixo em seu disco. Certo. Acho que ela é incrível, por isso eu disse sim. Então, o cara que estava produzindo me mandou as demos. E quando eu ouvi, fiquei meio “oh…” Não gostei. Não gostei da música. Aí fui pro estúdio me sentindo meio mal, porque tinha prometido tocar e não gostava da música. No momento em que ela começou a tocar e cantar, me apaixonei totalmente por tudo. Não é a canção – não é a letra ou nada. Quando ela canta, a letra é incrível, o som do violão é incrível, a melodia é incrível, o groove é incrível. Mas se não for ela cantando, é vazio. Bem, no caso da música do Milton, mesmo se ouvisse uma demo acho que você ficaria impressionado. Mas é ele.

E todas as outras pessoas também. Hermeto Pascoal também. Quando ouço pessoas fazendo covers de suas músicas é desafiador, então é legal, é impressionante que ele tenha escrito aquilo. Mas quando ele toca com a banda dele é totalmente diferente. Como com todos os grandes. Como Wayne Shorter e o Weather Report. É a força de vida deles, é a experiência deles, é o tom de suas vozes, do que viveram e pensaram. É de humano a humano. Sabe?

Claro. Pensei nisso ouvindo as vozes de vocês juntas em “Apple blossom”.

Uau. Ele é incrível.

Sabia que ele é originalmente contrabaixista?

Eu sei, ele me contou. Passei a ficar nervosa [de tocar perto dele].

Você já viu ele tocando contrabaixo?

Ainda não. Ele não toca! Eu fico passando o baixo pra ele e ele, “não, não”. Um dia gostaria de ouvir ele tocando. É engraçado, agora sabendo disso comecei a notar quanto as linhas baixo são importantes nas suas composições. Estávamos ensaiando esses últimos dias e quando eu erro alguma linha de baixo ele percebe na hora. Ele fica muito em contato com o baixo, dá pra sentir essa conexão.

Como tem sido a experiência de tocarem juntos?

Passei o último ano novo na casa do Milton – aliás eu fui lá com um amigo que parece um pouco com você (risos) – e lá nós tocamos muito, mas só pela diversão. Essa é a primeira vez que preparamos música para um show.

Já sabem que músicas vão cantar?

Sim. Mas não posso te contar, tem que ser surpresa. Vamos fazer músicas deles, algumas canções minhas, e de alguns outros compositores. Ele vai tocar violão e também só cantar em alguns momentos. É claro que as músicas soam diferentes, porque não estamos acostumados a tocar sua música. Mas desde o último ensaio a música está realmente viva. Ao vivo qualquer coisa pode acontecer, mas vai ser incrível.

Ouvi dizer que vocês farão um disco juntos.

Gosto desse boato. Vamos ver.

Então a possibilidade existe.

Bem, nós conversamos sobre a ideia de fazer um projeto juntos, mas… Não, não tem “mas”, nós conversamos, é isso. A coisa mais sábia a fazer é tocar, ver como vai ser. Nós definitivamente somos amigos, estamos em contato. Virei passar o próximo ano novo com ele novamente e trarei algumas canções que escrevi, veremos. Não quero que o boato se torne forte demais, porque se não acontecer vai ser decepcionante. Mas conversamos sobre isso, espero que aconteça. Seria mais profundo que um sonho tornado realidade.


mas enfim aqui estou
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

No play, Céu cantando Erasmo Carlos em Goiânia na última terça, ''É preciso dar um jeito meu amigo'', grande achado da obra-prima Carlos, Erasmo, 1970. Com Bruno Buarque na bateria, DJ Marco na picape, Lucas Martins no baixo, Dustan Gallas na guitarra – e repare em Céu soltando a voz com gosto no final.


Vítima de nada
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Hoje, na Folha Ilustrada, texto meu sobre Filipe Catto e seu recém-lançado álbum de estreia, Fôlego, logo abaixo.

Aos 23, Filipe Catto estreia com intensidade de interpretação e sob inspiração de Elza

Quando entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum, Filipe Catto não quis cantar parado na frente do microfone, com fones no ouvido. Preferiu gravar na sala da técnica, com um microfone Shure SM58, típico de shows, vendo e ouvindo a banda dentro do estúdio e cantando e caminhando com movimentos livres, levando sua interpretação de palco para dentro do disco.

Não foi à tôa: com 23 anos e um registro vocal agudo – contratenor com timbre perfeito, próximo a uma voz feminina -, a intensidade de interpretação de Catto é sua maior qualidade. Chega ao disco de estreia, Fôlego, recém-lançado pela major Universal, já com música em novela (“Saga” toca em “Cordel Encantado”, trama das seis da Globo) e numerosos admiradores conquistados com a força de suas apresentações e um primeiro EP independente lançado em 2009.

Foi há pouco mais de ano que o cantor chegou de Porto Alegre para seu primeiro show por aqui, e por aqui ficou. “O disco surgiu a partir do palco, do público, a partir das minhas observações”, conta. “O que foi bacana nesse tempo desde que cheguei em São Paulo foi que pude absorver bastante coisa da minha geração. Na vivência e na experiência de poder cantar um repertório novo, de fazer parte de uma história que está rolando.”

Autor de oito das canções do disco, Catto pinça ainda composições de conterrâneos gaúchos como Nei Lisboa e as bandas Cachorro Grande e Apanhador Só, mas afirma que a seleção “não foi partidária”, e sim pela força das canções. Outras surpresas do repertório incluem uma antiga canção de Zé Ramalho e uma parceria de Arnaldo Antunes com o baixista Dadi, d’A Cor do Som – produtor de Fôlego ao lado do diretor artístico da gravadora, Paul Ralphes.

E “Garçon”, aquela, de Reginaldo Rossi. “Estava um dia em casa e do nada comecei a cantarolar essa música, como se ela tivesse baixado”, lembra. “E comecei a ver que ela era muito mais forte do que eu imaginava, passei a vê-la de uma forma diferente. A letra me remete a Maysa, Dolores Duran, uma coisa meio antiga. Na verdade ela é uma irmã gêmea de ‘Meu mundo caiu’.''

Maysa, grande referência. Elis Regina, ídolo máximo. Billie Holiday, inspiração para uma canção. Outra, dedicada a Amy Winehouse. Mas foi quando conheceu Elza Soares, diz Catto, que entendeu o verdadeiro sentido da palavra fôlego. “Ok, legal os nossos mortos trágicos, os que se foram e tiveram vida turbulenta. Mas ando admirando pessoas vivas, e que fazem música. Quero ser assim quando eu crescer.”

“Eu admiro muito a Elza Soares porque ela está viva”, diz. “Ela não é vítima de nada. Isso me alimenta como artista e como pessoa. Acho bonito que ela é destemida, tem uma força de viver, uma força de interpretação. É isso que eu busco no meu trabalho. Se jogar no mundo e fazer as coisas do jeito que elas são. Desencanar e bancar sua história.”


Vamos nos espalhar sem linhas
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Cícero lançou online faz coisa de três meses seu primeiro álbum, Canções de Apartamento, e o disco vem conquistando tranquilo e constante, passando dos 10 mil downloads e já nos quase 20 mil views do primeiro vídeo.

Simplicidade simpática, canto suave, sanfona, violão, metalofone, piano, fanfarra bossa com sensibilidade indie rock, gravado quase todo em casa, o carioca de 25 anos tocando quase tudo. Canção pop em primeira pessoa, refrão de cantar junto, lúdico e romântico, pós-Los Hermanos (como, de resto, todo mundo).

O vídeo da primeira faixa do álbum, ''Tempo de pipa'', play acima, é dirigido por João Gila, com Cícero mais a atriz Letícia Colin e o músico Bruno Schulz. Jogo de cena no plano sequência em um passeio de manhã no bondinho de Santa Teresa, poesia cotidiana e casualidade esperta buscando sorriso e atenção da garota ruiva.

Depois do triste acidente no mesmo bondinho no fim do mês passado, valor especial do vídeo é registrar e manter vivo o espírito sonhador de um passeio ali – charme retrô, é claro, mas ainda história de costumes, lugares, pessoas, nossa própria cultura.

Show de lançamento de Canções de Apartamento, versão em disco físico, acontece no próximo dia 9 de outubro, no Rio.

Tags : Cícero


Longe de Onde
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Sai em outubro o segundo disco de Karina Buhr, Longe de Onde, pela gravadora Coqueiro Verde.

Capa acima, sobre foto de Jorge Bispo no Marrocos – também diretor e locação do primeiro vídeo do álbum, ''Cara palavra''.

Nascida em Salvador, crescida no Recife, morando em São Paulo, descendente de alemães, cantando sobre Bagdá, filmando no Marrocos, Karina inventa o próprio mundo, define os próprios eixos, apaga os longes.

Aqui vai aposta que o novo álbum segue o equilíbrio entre beleza e improbabilidade, poesia e realidade, delicadeza e força.

Já começou a fazer as listas de melhores do ano?

Tags : Karina Buhr


Criolo + Fernando Faro
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Foto acima do instagram do pianista e produtor Daniel Ganjaman, altos simbólico o encontro retratado.

A música do Criolo continua se espalhando: hoje, domingo, às 23h, na TV Cultura, nova edição do programa Ensaio, de Fernando Faro, tem participação do MC, cantando com sua poderosa banda e respondendo às perguntas que não ouvimos.

O site da Cultura cita que o álbum ''teve mais de 25 mil downloads em três dias''. Criolo, você já viu, foi recentemente capa da revista Serafina, da Folha, e acaba de chegar às bancas na capa da Trip. E domingo que vem, dia 25, Criolo faz a trilha ideal para um piquenique, duas da tarde no Parque da Aclimação.


afroBLITZ
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Festa nova capitaneada pelo bróder Ramiro Zwetsch estreia hoje na Serralheria, dedicada a sons da diáspora africana – de Gana a Etiópia, Egito ao Brasil e além. A festa, afroBlitz, começa hoje com ainda outra especial: show do Sambanzo, espetacular banda do Thiago França no sax tenor, Marcelo Cabral no baixo, Kiko Dinucci na guitarra, Pimpa na bateria, Samba Sam na percussão, pegada entre afro, jazz, brasa, funk, muito pró.

Tags : Sambanzo


O Setembro de Junio Barreto
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista


Sete anos depois de seu álbum de estreia, Junio Barreto está chegando com seu segundo disco, Setembro, produzido por Pupillo e já na boca do gol.

Aquele primeiro CD do compositor caruaruense, lançado em 2004, foi produzido pelo DJ Tudo, chamou atenção da geral e rendeu regravações de Gal Costa e Maria Rita.

Este novo traz participações de Céu, Marina de La Riva, Mombojó e Vitor Araújo, álbum de dez músicas, a sair poeticamente no mês título – ou seja, logo menos.

Primeiro single, vídeo da canção ''Setembro'' acima, também breve EPK prometendo versão em LP do álbum.


Godiva do Irajá
Comentários Comente

Ronaldo Evangelista

Estávamos aqui falando do ótimo som do último disco do Erasmo e lembrando de tantas produções feitas por Liminha, hora certa de assistir esse vídeo, play acima, o baixista mostrando como criou o arranjo e estrutura de ''Kátia Flávia'', hit de Fausto Fawcett, 1987, passo a passo nas camadas de overdub: montando o beat, criando a linha de groove no baixo slap, três guitarras puxando o funk, teclado de impacto. Viagem completa no túnel do tempo, para lembrar da faixa pronta, o clipe do Fantástico da música por aqui.