Blog do Ronaldo Evangelista

Arquivo : Thiago França

Melhores do Ano pelos Melhores do Ano
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Ronaldo Evangelista

Todo fim de ano pedem aos jornalistas as listas de melhores discos e depois tiram aquela média de favoritos da crítica, mas fiquei aqui pensando, curioso, quais seriam os sons que orbitaram nestes tempos nos ouvidos de quem produz música hoje.

Então, perguntei a alguns artistas interessantes destes tempos quais os onze discos legais mais ouvidos e gostados este ano. Não necessariamente nacionais, não necessariamente deste ano, mas claro que com estes bem lembrados. Sem regras, simplesmente onze discos legais presentes no 2011.

Os álbuns na imagem acima foram os mais citados espontaneamente, fotografia das apreciações em comum, zeitgeist. Mas, talvez até mais interessante, as dicas individuais vem com enorme e deliciosa variedade estilística e temporal, pequeno panorama dos sons que tocaram nos players de músicos, cantores, compositores, rimadores, produtores dos mais legais na ativa em 2011.

Todos os melhores por aqui. Balanço e listas individuais logo abaixo.
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Discos mais citados: Criolo (14 votos), Meta Metá (12 votos), Bixiga 70 (10 votos), Gui Amabis (9 votos), Karina Buhr (8 votos), Junio Barreto (7 votos), Romulo Fróes (6 votos), Pipo Pegoraro, Kassin (5 votos) Gal Costa, MarginalS, Passo Torto, Lira (4 votos), Mariana Aydar, Caçapa (3 votos)
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29 VOTANTES: Filipe Cato, Bárbara Eugênia, Rodrigo Brandão, Lurdez da Luz, Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Caçapa, Luisa Maita, Pipo Pegoraro, Mauricio Fleury, Felipe Cordeiro, Thalma de Freitas, Romulo Fróes, Thiago França, Marcelo Cabral, Marcia Castro, Bruno Morais, Pazes, Rodrigo Gorky, Letícia Novaes, Junio Barreto, Cris Scabello, BNegão, Mariana Aydar, Pupillo, Décio 7, Guizado, Lucas Santtana, Pitzan
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(Este post será atualizado conforme mais listas forem publicadas.)


Emicida reinventa Moreira da Silva
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Ronaldo Evangelista

Acompanhado do Sambanzo (de Thiago França, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Pimpa e Samba Sam), Emicida pega pra si o “Na subida do morro“, samba original de 1952 do grande Moreira da Silva, e transforma em história de seu próprio flow, rap humorado, crônica de ontem e hoje, atenção ao breque. Registrado no dia 3 de dezembro de 2011 no Centro Cultural São Paulo, parte do projeto de descobertas em 78 rotações Goma-Laca.


Destaques em 2011
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Ronaldo Evangelista

Em clima de retrospectiva deste 2011 que acaba, o pessoal do UOL selecionou dez listas de discos que foram destaque pelo ano. Ao lado de Fernanda Mena, Jotabê Medeiros, Lúcio Ribeiro, Fernando Kaida, Cláudia Assef, Antonio Farinacci, Sergio Martins, Mariana Tramontina e Pablo Miyazawa, escolhi dez álbuns que pintaram muito bem em 2011 e escrevi breve comentário de apresentação sobre, em especial, o de Criolo.

Em olhada rápida logo abaixo e todo o resto por aqui.

“Nó na Orelha” Criolo

Uma química especial aconteceu quando Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral começaram a produzir o álbum “Nó na Orelha”, do rapper Criolo. Com representativa história construída no hip-hop, foi uma surpresa sua revelação como compositor de canções e talento bruto como cantor. Entre arranjos de sopros e cordas, som de banda com piano-baixo-bateria e participações de músicos como Thiago França, Kiko Dinucci e Rodrigo Campos, o disco passeia por bolero, dub, soul, afrobeat, samba – e, claro, rap. As letras fortes, cheias de cenas da cidade e dialetos suburbanos, incorporam o discurso do hip-hop – com intepretação intensa, mas amorosa -, em faixas com identidades próprias, em algum lugar entre Sabotage e Adoniran, Wu-Tang e Fela. Caetano Veloso percebeu e quis cantar junto, Chico Buarque atentou e homenageou no show, a MTV deu o prêmio de disco do ano, jornais, revistas, blogs e redes sociais gastaram o assunto. Lançado em LP, CD e de graça na internet, resultando em série de apresentações lotadas e provando fazer jus ao título, “Nó na Orelha” foi o álbum de música brasileira que mais chamou a atenção em 2011.


Goma-Laca, Volume I
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Ronaldo Evangelista

Em apresentação única, hoje às 19h no Centro Cultural São Paulo, o quinteto Sambanzo e convidados especiais reinventam achados do precioso acervo de 78 rotações da Discoteca Pública Municipal, criada por Mário de Andrade em 1935 e até hoje fantástico centro de pesquisas, infinito universo de coisas bonitas.

Investigando sonoridades afrobrasileiras de gravações dos anos 30, 40 e 50, de macumbas estilizadas a antigos cantos de trabalho, o Sambanzo cria grooves de combustão espontânea, com Thiago França no saxofone e flauta, Kiko Dinucci na guitarra, Marcelo Cabral no contrabaixo, Welington Moreira (Pimpa) na bateria e Samba Sam na percussão, recebendo seis diferentes cantores e rimadores acrescentando pontos de vista ao repertório.

Emicida relê Moreira da Silva. Luisa Maita faz versões ultracool de Trio de Ouro e Denis Brean. Bruno Morais latiniza Aracy de Almeida e Grupo X. Juçara Marçal canta Ogum no afrobeat e incorpora o transe no terreiro Iorubá do Jorge da Silva. Rodrigo Brandão encontra Zé Fechado e conecta ritmo e poesia e Ary Barroso. Marcelo Pretto faz festa pra Pixinguinha e adapta Inezita Barroso. O próprio Sambanzo encontra origens em J.B. de Carvalho e a música mostra que existe em todas as épocas ao mesmo tempo.

Parte da série Goma-Laca, que envolve também programa radiofônico, exposição dos 78s originais e pequena homenagem à Oneyda Alvarenga, primeira diretora da Discoteca e que hoje lhe empresta o nome. Noite única, só santo forte, sábado em 78 por minuto.


No aniversário de um ano, o álbum do MarginalS
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Ronaldo Evangelista

Hoje à noite, na Serralheria, acontece o quinquagésimo sétimo show do MarginalS. Não só, é o aniversário de um ano da banda, e, não apenas, a apresentação é especial de lançamento do primeiro CD.

O trio, de jazz e além, tudo que couber no improviso e inspiração, é formado por Thiago França na flauta, sax tenor e EWI, Marcelo Cabral no contrabaixo acústico e Tony Gordin na bateria, improvisação pura, criação espontânea, simbiose humana e musical.

Cabral, claro, produziu os discos da Lurdez e do Criolo, Thiago toca com Criolo, Kiko Dinucci, Romulo Fróes (e no Sambanzo) etc e Tony é irmão do guitarrista Lanny Gordin. Os três juntos tem tocado todas as terças na Matilha Cultural. Em setembro, tocam com Lurdez e Criolo na Casa de Francisca.

Se há pouco mais de um ano eu escrevia na Folha Ilustrada que a cena de jazz em São Paulo andava muito interessante e prestes a criar seus novos clássicos, eu nem sabia mas estava falando disso: formação novíssima, o MarginalS dá um passo além com as ideias de interação musical, derrubando as paredes entre clichês do jás ou qualquer música, instrumental ou não.

Criando tudo 100% no momento, buscando a expressão máxima de cada situação, atacando de frente ou observando de longe os temas que se revelam pelo caminho, os MarginalS se inventam na hora, toda hora, entre o groove e o spiritual, pegada e tranquilidade, abstrato e concreto, literal e figurativo, raciocínio e sensação, além de adjetivos e verbos.

O show hoje é às 23h. O álbum foi produzido pela própria banda e o CD estará à venda por R$10.


Sambanzo tocando na Serralheria
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Ronaldo Evangelista


O impressionante quinteto Sambanzo, do saxtenorista Thiago França, com Kiko Dinucci na guitarra, Marcelo Cabral no baixo elétrico, Pimpa na bateria e Samba Sam na percussão, tem um conceito musical rico, pegada intensa que cruza figuras afrobaianas, jazz etíope, funk nigeriano. O disco vai ser de cair o queixo e deve sair ainda esse ano. Dando o gosto, nos vídeos acima tocam “Sino da igrejinha” e “Xangô“, ao vivo na Serralheria, filmado pelo Guito.


Gui Amabis comenta Memórias Luso/Africanas
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Ronaldo Evangelista


Para fazer seu primeiro disco solo, depois do Sonantes e várias trilhas, Gui Amabis mergulhou na inspiração de seus próprios antepassados, buscou o capricho de sons costurados com intimidade e convocou participações de Criolo, Tulipa, Lucas Santtana, Céu, Tiganá e mais um monte de gente legal para construir uma história de passado e tradição.

Apuro de produção, riqueza de detalhes, belas imagens poéticas, canções que fluem como causos com andamento de natureza, álbum que você pode ouvir todo pelo site, Memórias Luso/Africanas.

Hoje, terça-feira, Gui Amabis se apresenta no Sesc Pompeia, Prata da Casa, grátis, 20h, com convidados. Aproveitando a oportunidade e curioso com os mares navegados pelos sons do disco, pedi a ele um comentário faixa-a-faixa, logo abaixo.

DOIS INIMIGOS (com Thiago França)

A melodia inspirada no norte da áfrica serve de base para a letra que trata de um amor mestiço e inimigo, e do resultado disso.

ORQUÍDEA RUIVA (com Criolo, Sinhá e Régis Damasceno)

É praticamente um rock árabe. A música portuguesa tem essa origem por conta da invasão moura que durou aproximadamente 800 anos. Nesta cama Criolo destilou sua poesia sobre um amor etéreo e eterno.

SAL E AMOR (com Tulipa, Céu e Curumin)

Não quis ser totalmente literal, então tomei a liberdade de introduzir sons familiares a mim e fora do “tema” do disco. Neste caso uma pitada do Caribe, uma paixão musical.

SWELL (com Céu, Dengue e Samuel Fraga)

Certo dia pensando na travessia atlântica me peguei pensando em me transformar em água, e como esta faria este trajeto. Tentei passar isso através do arranjo e letra.

AO MAR (com Tulipa e Curumin)

Na mesma onda sonora de “Sal e Amor” trata do amor imigrante. Do homem que cruza um oceano deixando seu amor na terra natal, mas mesmo assim não perde o sentido e o sorriso.

DOCE DEMORA (com Céu, Siba, Dengue e Maurício alves)

Musicalmente a que melhor retrata a junção da música portuguesa e africana, essa quase “morna” (Gênero musical Caboverdeano) homenageia minha filha e o ciclo da vida no planeta.

O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA (com Lucas Santtana, Dengue e Samuel Fraga)

Uma valsa densa que retrata a saga de uma fuga. A minha preferida do disco. Letra inspiradíssima de Lucas Santtana.

IMIGRANTES (com Tiganá, Céu, Rodrigo Campos e Thiago França)

Um lamento sobre o pós-guerra.

PARA MULATU (com Criolo, Marcelo Cabral e Maurício Alves)

Homenagem ao músico Etíope Mulatu Astatke, novamente o tema do amor mestiço na poesia de Criolo.

FIM DE TARDE (com Céu)

O nome já diz tudo…