O melhor de dois mundos
Ronaldo Evangelista
Uma coisa absolutamente genial a respeito do disco Best of Two Worlds, reencontro de João Gilberto com Stan Getz em 1975, doze anos depois do sucesso gigante Getz/Gilberto, é que eles não foram fotografados juntos para a capa. Antes do fim das gravações, João tretou com Getz (não era a primeira vez) e partiu. A primeira faixa do LP, “Double rainbow”, nem tem João: Miúcha canta e Oscar Castro Neves toca o violão, reproduzindo a batida direitinho.
A solução: pegar um foto de João (talvez a única à mão) e fazer uma fotomontagem para a capa e outra para a contracapa – ambas com a mesma foto. Na frente, Getz está à frente de João, ao lado de Miúcha. No verso, aparece apoiado casualmente no brasileiro, que toca seu violão concentrado, de olhos semicerrados, estoicamente na mesma pose, exatamente igual a na capa, mesmo registro fotográfico. Mais ou menos como fez a Trip recentemente, rs.
Best of Both Worlds é um dos discos menos comentados e investigados de João, até porque é afinal um álbum de Getz. O recente box The Complete Columbia Album Collection, que compila álbuns de Getz entre 1972 e 1979, reedita o disco com novidade interessante: três faixas bônus, outtakes de “Just one of those things”, “Eu vim da Bahia” e “É preciso perdoar”. A caixa é produzida sob demanda de acordo com as vendas no site, sem presença física em lojas.