Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : TV

Fumando mil cigarros, bebendo Coca-Cola
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Ronaldo Evangelista

Clipe novo da Barbara Eugênia, “Por aí”, do disco Journal de BAD, seu primeiro, lançado ano passado. Acho que essa foi a primeira música que ouvi da Barbara, clássica demo de seu Myspace – e três anos depois, seu pop urbano ingênuo e malicioso continua soando deliciosamente simples e original, algo entre Rita Lee e Diana. No vídeo, a carioca sem sotaque faz cenas com figurinos de chapéus e olhares, cenários de ruas e portas e praça, por aí. Mais um clipe pra videoteca de caminhadas por São Paulo: Lurdez da Luz, Thiago Pethit, Garotas Suecas, Romulo Fróes, quase todo o Música de Bolso – cadê alguém desenhando no Google Maps?


Bruno Natal e os Bastidores de Chico
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Ronaldo Evangelista

Bruno Natal, do essencial blog URBe e de filmes como o documentário Dub Echoes e making ofs de discos de Vanessa da Mata, Maria Bethânia e Chico Buarque, recentemente realizou o projeto Bastidores, mostrando em pílulas, teasers e clipes os fazeres do último disco de Chico, Chico.

O conteúdo, inicialmente exclusivo para pré-compradores do CD, está agora aberto para todo mundo no site do projeto e também já pronto pra ser visto o documentário Dia Voa, de uma hora, mostrando o álbum por dentro, play acima.

Aproveitando o timing e a curiosidade, fiz algumas perguntas a Bruno sobre o processo de registro do processo de criação de canções e arranjos de um disco de Chico, logo abaixo.
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Como foi o processo, você acompanhou as sessões de ensaio/gravação no estúdio/casa do Luiz Claudio Ramos? Pra onde direcionava o olhar, o que você caçava com a câmera? Algo foi restrito?

Acompanhei apenas o último dia dos ensaios na casa do Luiz, a filmagem foi feita praticamente toda durante as gravações do disco. Não fazia sentido simplesmente repetir o que havia feito no disco anterior, “Carioca”, em 2006, quando registrei as gravações para o documentário “Desconstrução”, que acompanhou o disco em DVD. Muita coisa mudou de lá pra cá, possibilidades que antes não existiam. A rede se tornou mais social, a qualidade das conexões melhorou. Pode se dizer que para um lançamento desse porte é uma obrigação estar presente no meio digital. Nada foi restringido. Como da outra vez, pude filmar o que quisesse e simplesmente apresentei o material pronto – e nenhuma modificação foi solicitada.

Para os teasers e clipes, foi quanto tempo de filmagem/gravação, com que equipe de captação? Para um trabalho desses hoje é preciso juntar pessoal ou o esquema é abordagem intimista, só uma câmera 5D e um microfone Zoom?

As filmagens duraram dois meses, aproximadamente, o mesmo tempo da gravação do disco. Desse material foram extraídas as mais de 50 pílulas de vídeo publicadas no chicobastidores.com.br durante o pré-lançamento e também o documentário “Dia Voa”. A equipe de vídeo foi enxuta. Era eu no estúdio todos os dias, o Tiago Lins fotografando as entrevistas e o Daniel Ferro editando e finalizando. Teve também toda parte do saite, feita pela Arterial.

Não utilizo 5D, para parte pesada do trabalho prefiro a Panasonic AG 150. Nessa DSLR os controles de áudio são limitados e menos confiáveis (ao menos sem outras traquitanas) e a pegada é de uma câmera de fotografar, não de filmar. Além disso, parece que absolutamente tudo é filmado nesse formato hoje em dia, está rolando uma pasteurização, todo clipe, vídeo,curta, tem a mesma cara. Utilizei uma T2i para as entrevistas.

Como você sentiu a recepção do projeto de ir liberando músicas pros early adopters? O investimento pessoal dos fãs nos artistas, corrente em lançamentos de bandas como Radiohead, já se tornou comum e funcional ao fã de música brasileira como Chico?

Foi uma aposta. Considerando que a página do Chico no Facebook tem mais de 450 mil pessoas, imaginava que daria certo sim. E deu. Tanto foi que o disco iria sair com 25 mil cópias, saiu com 50 mil e já foram encomendadas outras 20 mil. Mesmo os fãs que não compraram na pré-venda para ter acesso ao conteúdo exclusivo e prioritário aos vídeos assistiram os vídeos que estavam abertos e foram se familiarizando como disco. Fora que “Chico” passou um mês inteiro na mídia, todo dia, nunca tinha visto isso. Repercutiu muito.

Qual foi a coisa mais legal que você não sabia e descobriu sobre Chico nesse processo?

Que ele saca muito do espírito colaborativo da rede, mesmo sem utilizar tanto. A rede apenas replica nosso comportamento social, as vezes em outra escala, portanto coisas que ele queria que funcionasse de determinada maneira simplesmente porque achava que assim seria melhor, de fato tinham a ver com a mídia.

E qual a música do Chico mais tocada no(s) seu(s) player(s)?

De todos os tempos? “Construção”.
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Garotas Suecas + Jacaré
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Ronaldo Evangelista

Sensacional o clipe novo do Garotas Suecas, com participação do Jacaré, dançarino do saudoso É o Tchan. Pop simpático, vídeo estiloso, diversão com a língua fortemente na bochecha. A música é do álbum Escaldante Banda (referência ao Tião Brilhantina do circo de Jorge Ben, só pode), lançado pela banda no fim do ano passado. Humor inclusivo, surrealismo multiestilos, coreagrafia de chuveiro.


Protejam seus filhos porque o super-homem vem aí
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Ronaldo Evangelista

O sertanejo é antes de tudo um forte. Em homenagem aos milhões de Severinos, vamos falar de cultura: grande filmador e grande personagem, Glauber Rocha tira as máscaras do cinema brasileiro no programa Abertura da TV Tupi, fim dos anos 70. Quanto custa uma sequência pra filmar super-homem? Além: Emanuelle e Último Tango em Paris não são obra de arte, são apenas filmes pornográficos!

Via.


Falando sobre Chico Buarque no Metrópolis
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Ronaldo Evangelista

Sexta passada fiz uma aparição ao vivo no programa Metrópolis, convidado a dar meus dois centavos de opinião sobre Chico, disco novo do Buarque. Eu e Cadão conversamos sobre vontade de novidade, novas rimas para o mundo, colocação de vida pessoal na arte, o antagonismo milenar de Chico e Caetano e comentamos os comentários de Marcus Preto, que disse algo do efeito de “Chico Buarque fazer disco ruim é bom para a nova geração, que faz discos ótimos”. Mas, ao invés de falarmos de Tulipa, proponho essa: Chico não carrega algumas coincidências com Toque Dela, recente álbum de Marcelo Camelo? Essa e outras ideias, oito minutos de papo, play acima.


Quarteto de Stan Getz + Flora Purim (Paris, 1969)
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Ronaldo Evangelista

Flora Purim começando a carreira internacional e Stan Getz já veterano da música brasileira jazzificada para o mundo, encontro em preto e branco para a TV francesa em 1969, “Deixa a nega sambar”, o quarteto do saxofonista-tenor formado por Stanley Cowell no piano, Miroslav Vitous no contrabaixo e Jack DeJohnette na bateria. Flora linda de vestido hippie e cabelo à anos sessenta, mandando ver na voz firme e suave e no balanço de violão. A sandália dela ficou furada de tanto sambar.


Mia Doi Todd + José Gonzáles – “Um girassol da cor do seu cabelo”
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Ronaldo Evangelista

Outra nova versão de Lô Borges tirada da Red Hot + Rio 2, aqui ao vivo na festa de lançamento (Red Hot Loft, muito hipster) da compilação, em NY em março último. No começo do vídeo declarações de amor pela música brasileira, som mesmo ao um minuto e meio: Mia Doi Todd e José Gonzáles cantando “Um girassol da cor do seu cabelo” sobre arranjo incrível, destacando a beleza universal da canção, simples e atual. Apesar do teor geral tropicalista que paira sobre o Red Hot Rio + 2, o tom contemplativo pop típico das cancões do começo dos anos 70, como as de Lô Borges, também é peça interessante do clima vencedor do tributo.


Itamar Assumpção e Isca de Polícia ao Vivo no Teatro Funarte, 1983
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Ronaldo Evangelista

Comemorando a estreia do documentário Daquele Instante em Diante, esta semana, sobre Itamar Assumpção, logo abaixo em cinco partes registro inteiro de show que fez em 1983 no Teatro Funarte, com repertório baseado em seus dois essenciais primeiros discos (Beleléu Leléu Eu e Às Próprias Custas S.A.), acompanhado da banda Isca de Polícia: Suzana Salles e Virgínia Rosa nas vozes, Gigante Brasil na bateria, Paulinho Lepetit no baixo e Luiz Rondó Monteiro na guitarra. Clássico da reprise da Cultura e agora do YouTube.


Com suas canções redondas e de fluência orgânica, misterioso como um poeta beat do pop new wave brasileiro aliás paulista, de “Oh! Maldição” do Arrigo à sua “Amanticida”, passando pelo sósia de Roberto Carlos, Itamar começa de visu até comportado, de macacão preto e camisa bufante amarela, e pelo caminho pega a guitarra pra um groove rápido.


Que black navalha você, Beleléu. “Luzia” vem com lero-lero-lero-lero, e depois “Embalos”. Itamar estilosíssimo de óculos escuros e roupa já vermelha, com sua música teatral, esperta, onde tá sua malícia? Com seus causos de São Paulo de ponta a ponta, cabe samba dos anos 30, formatos e dinâmicas rock dos anos 60, funk elétrico dos anos 70, pós-tudo dos anos 80.


Um dos melhores momentos, “Se eu fiz tudo”, pérola, cantada pelas meninas, mais “Denúncia do Santo Silva Beleléu” e o clássico “Escurinho” (de Geraldo Pereira), em versão itamarassumpçãozada. E agora, como é que fica afinal? Esta música, este funk, este samba, este rock n’roll, este jazz. Fica assim, uma nega.


Não venha querendo você se espantar: já de peito nu e jaqueta azul de nylon, Itamar comanda sua obra-prima em reggae (etc) Nega música – recentemente regravada pelas cariocas do Tono, veja você -, aqui cantada pela Virginia, enquanto Suzana abraça Itamar, que assiste tranquilo. Pra fechar o bloco Itamar canta paixão, solidão, canto de guerreiro, “Prezadíssimos ouvintes” (de seu terceiro álbum, Sampa Midnight). Quero agora cantar na televisão. Mas quem é me garante que esses microfones sempre funcionarão?


Denise Assumpção vem participar de outra obra-prima: “Beijo na boca”. A vida não é mais que, se resume, vale mais? Pensei que você não ia mais me largar. Nu da cintura pra cima, com seus óculos escuros, Itamar aproveita pra criar um clima de intimidade com a câmera, conversar com operador, editor e público em casa e comanda orquestra de palmas na audiência, até cansar, pra fechar.


Instante em Diante
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Ronaldo Evangelista

Esse papo de maldito não tá com nada. Itamar Assumpção era um artista particular, cantor muito interessante, compositor de grandes momentos, figura gigante de sua própria história, sui generis e para todos. Seu som não vinha derivado de movimentos ou planos, mas mais fruto da busca do que de mais interessante tinha a oferecer, música artesanalmente costurada sobre riffs e linhas e beats de baixo e crônicas de canto falado com achados poéticos da vida de todo dia, da rua de toda noite, do romântico e do malaco, do esperto e do ingênio, do sofisticado e do mundano.

Com o recente lançamento da Caixa Preta, pelo Sesc, com todos os seus discos (e mais alguns), Itamar, falecido em 2003, anda mais vivo do que nunca. E agora, esta semana, estreia pelos cinemas o documentário Daquele Instante em Diante, de Rogério Velloso, com filmagens pessoais, de registros, depoimentos, cenas de apresentações, caseiras, de estúdio, mostrando uma história incrível e colocando Itamar no assunto de uma vez.