Blog do Ronaldo Evangelista

Arquivo : Chico Buarque

Melhores de 2011: Mariana Aydar
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Ronaldo Evangelista

Gui Amabis – Memórias Luso/Africanas
Thais Gulin – ôÔÔôôÔôÔ
Chico Buarque – Chico
Pedro Santos – Krishnanda (1968)
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Em 2011 Mariana Aydar lançou Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo.
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Mais melhores de 2011 por aqui.


Destaques em 2011
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Ronaldo Evangelista

Em clima de retrospectiva deste 2011 que acaba, o pessoal do UOL selecionou dez listas de discos que foram destaque pelo ano. Ao lado de Fernanda Mena, Jotabê Medeiros, Lúcio Ribeiro, Fernando Kaida, Cláudia Assef, Antonio Farinacci, Sergio Martins, Mariana Tramontina e Pablo Miyazawa, escolhi dez álbuns que pintaram muito bem em 2011 e escrevi breve comentário de apresentação sobre, em especial, o de Criolo.

Em olhada rápida logo abaixo e todo o resto por aqui.

“Nó na Orelha” Criolo

Uma química especial aconteceu quando Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral começaram a produzir o álbum “Nó na Orelha”, do rapper Criolo. Com representativa história construída no hip-hop, foi uma surpresa sua revelação como compositor de canções e talento bruto como cantor. Entre arranjos de sopros e cordas, som de banda com piano-baixo-bateria e participações de músicos como Thiago França, Kiko Dinucci e Rodrigo Campos, o disco passeia por bolero, dub, soul, afrobeat, samba – e, claro, rap. As letras fortes, cheias de cenas da cidade e dialetos suburbanos, incorporam o discurso do hip-hop – com intepretação intensa, mas amorosa -, em faixas com identidades próprias, em algum lugar entre Sabotage e Adoniran, Wu-Tang e Fela. Caetano Veloso percebeu e quis cantar junto, Chico Buarque atentou e homenageou no show, a MTV deu o prêmio de disco do ano, jornais, revistas, blogs e redes sociais gastaram o assunto. Lançado em LP, CD e de graça na internet, resultando em série de apresentações lotadas e provando fazer jus ao título, “Nó na Orelha” foi o álbum de música brasileira que mais chamou a atenção em 2011.


Bruno Natal e os Bastidores de Chico
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Ronaldo Evangelista

Bruno Natal, do essencial blog URBe e de filmes como o documentário Dub Echoes e making ofs de discos de Vanessa da Mata, Maria Bethânia e Chico Buarque, recentemente realizou o projeto Bastidores, mostrando em pílulas, teasers e clipes os fazeres do último disco de Chico, Chico.

O conteúdo, inicialmente exclusivo para pré-compradores do CD, está agora aberto para todo mundo no site do projeto e também já pronto pra ser visto o documentário Dia Voa, de uma hora, mostrando o álbum por dentro, play acima.

Aproveitando o timing e a curiosidade, fiz algumas perguntas a Bruno sobre o processo de registro do processo de criação de canções e arranjos de um disco de Chico, logo abaixo.
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Como foi o processo, você acompanhou as sessões de ensaio/gravação no estúdio/casa do Luiz Claudio Ramos? Pra onde direcionava o olhar, o que você caçava com a câmera? Algo foi restrito?

Acompanhei apenas o último dia dos ensaios na casa do Luiz, a filmagem foi feita praticamente toda durante as gravações do disco. Não fazia sentido simplesmente repetir o que havia feito no disco anterior, “Carioca”, em 2006, quando registrei as gravações para o documentário “Desconstrução”, que acompanhou o disco em DVD. Muita coisa mudou de lá pra cá, possibilidades que antes não existiam. A rede se tornou mais social, a qualidade das conexões melhorou. Pode se dizer que para um lançamento desse porte é uma obrigação estar presente no meio digital. Nada foi restringido. Como da outra vez, pude filmar o que quisesse e simplesmente apresentei o material pronto – e nenhuma modificação foi solicitada.

Para os teasers e clipes, foi quanto tempo de filmagem/gravação, com que equipe de captação? Para um trabalho desses hoje é preciso juntar pessoal ou o esquema é abordagem intimista, só uma câmera 5D e um microfone Zoom?

As filmagens duraram dois meses, aproximadamente, o mesmo tempo da gravação do disco. Desse material foram extraídas as mais de 50 pílulas de vídeo publicadas no chicobastidores.com.br durante o pré-lançamento e também o documentário “Dia Voa”. A equipe de vídeo foi enxuta. Era eu no estúdio todos os dias, o Tiago Lins fotografando as entrevistas e o Daniel Ferro editando e finalizando. Teve também toda parte do saite, feita pela Arterial.

Não utilizo 5D, para parte pesada do trabalho prefiro a Panasonic AG 150. Nessa DSLR os controles de áudio são limitados e menos confiáveis (ao menos sem outras traquitanas) e a pegada é de uma câmera de fotografar, não de filmar. Além disso, parece que absolutamente tudo é filmado nesse formato hoje em dia, está rolando uma pasteurização, todo clipe, vídeo,curta, tem a mesma cara. Utilizei uma T2i para as entrevistas.

Como você sentiu a recepção do projeto de ir liberando músicas pros early adopters? O investimento pessoal dos fãs nos artistas, corrente em lançamentos de bandas como Radiohead, já se tornou comum e funcional ao fã de música brasileira como Chico?

Foi uma aposta. Considerando que a página do Chico no Facebook tem mais de 450 mil pessoas, imaginava que daria certo sim. E deu. Tanto foi que o disco iria sair com 25 mil cópias, saiu com 50 mil e já foram encomendadas outras 20 mil. Mesmo os fãs que não compraram na pré-venda para ter acesso ao conteúdo exclusivo e prioritário aos vídeos assistiram os vídeos que estavam abertos e foram se familiarizando como disco. Fora que “Chico” passou um mês inteiro na mídia, todo dia, nunca tinha visto isso. Repercutiu muito.

Qual foi a coisa mais legal que você não sabia e descobriu sobre Chico nesse processo?

Que ele saca muito do espírito colaborativo da rede, mesmo sem utilizar tanto. A rede apenas replica nosso comportamento social, as vezes em outra escala, portanto coisas que ele queria que funcionasse de determinada maneira simplesmente porque achava que assim seria melhor, de fato tinham a ver com a mídia.

E qual a música do Chico mais tocada no(s) seu(s) player(s)?

De todos os tempos? “Construção”.
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Falando sobre Chico Buarque no Metrópolis
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Ronaldo Evangelista

Sexta passada fiz uma aparição ao vivo no programa Metrópolis, convidado a dar meus dois centavos de opinião sobre Chico, disco novo do Buarque. Eu e Cadão conversamos sobre vontade de novidade, novas rimas para o mundo, colocação de vida pessoal na arte, o antagonismo milenar de Chico e Caetano e comentamos os comentários de Marcus Preto, que disse algo do efeito de “Chico Buarque fazer disco ruim é bom para a nova geração, que faz discos ótimos”. Mas, ao invés de falarmos de Tulipa, proponho essa: Chico não carrega algumas coincidências com Toque Dela, recente álbum de Marcelo Camelo? Essa e outras ideias, oito minutos de papo, play acima.


Faixa a faixa: Chico 2011
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Ronaldo Evangelista

Para a Folha Ilustrada de hoje, capa sobre disco novo de Chico Buarque, escrevi breve descrição/comentário faixa a faixa de Chico, álbum aproximadamente décimo-nono do compositor e cantor. Teasers de internet, a perda da inocência sobre comentários de internet, disco de literatura, canções melancólias – entre tudo que vi comentado por aí, o menos alardeado me parece o principal: é um disco de amor. Mais: disco de novo amor. Tipo festa sem fim.

Querido diário
Toada levada por viola caipira e arranjo de cordas e com o já inesquecível verso sobre “amar uma mulher sem orifício”. Outro: “não quebro porque sou macio”.

Rubato
Chico no Círculo de confiança, zona de conforto, parceria com o contrabaixista Jorge Helder. Letra sobre canção de amor roubada para Aurora, Amora e Teodora e arranjo com grande naipe de sopros.

Essa pequena
“Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”, canta Chico. Ele, conta “cada segunda que se esvai”. Ela, “esbanja suas horas ao vento”. Canção de amor que conclui: “o blues já valeu a pena”.

Tipo um baião
O eu-lírico já questiona: outra história de amor a essa hora? Mas, afinal, “você tipo me adora”. Então, para quem “ignora o baião”, canta esse “tipo um baião do Gonzaga”.

Se eu soubesse
Em dueto com a suposta jovem namorada de cabelos cor de abóbora Thais Gulin, a valsa-choro “Se eu soubesse” foi gravada também por ela em seu recente disco “Ôôôôôôôô”.

Sem você 2
De mesmo título de canção de Tom com Vinicius do fim dos anos 50, é levada sem bateria e com andamento lento. Chico classicista da canção, mais próximo do velho Tom do que do jovem Chico.

Sou eu
Parceria com Ivan Lins, cantada por Chico e o baterista e sambista Wilson das Neves, também já gravada por Diogo Nogueira. A letra, sobre mulher que bamboleia no salão.

Nina
Valsa “meio russa”, segundo o autor, com as rimas mapa/rapta e toca/vodca. Com a nova personagem, título, para o rol do compositor. A primeira música composta para o álbum depois da temporada como escritor.

Barafunda
Sambinha fazendo crônicas da memória, “antes que o esquecimento baixe seu manto”. Glorinha ou Maristela? Soraia ou Anabela? Seja como for, a conclusão: “a vida é bela”.

Sinhá
Parceria com João Bosco, que participa com seu balanço de violão e contracanto. É o “conto de um cantor com voz do Pelourinho” que chora em iorubá mas ora por Jesus.


Zé Miguel Wisnik – Indivisível
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Ronaldo Evangelista

Oito anos depois de seu último disco, Pérolas aos Poucos, de 2003, Zé Miguel Wisnik está lançando álbum novo, duplo, Indivisível, capas acima de Elaine Ramos, brincando visualmente com as iniciais Z, M e W. Ouça ambos imediatamente no Bandcamp do ZMW, por aqui.

Produzido por Alê Siqueira, com parcerias com Marcelo Jeneci (“Feito pra acabar”, que deu título a seu disco), Alice Ruiz, Jorge Mautner, Chico Buarque e Guinga, além de poemas musicados de Antonio Cícero e Gregório de Matos, os discos são levados um por piano outro por violão. No de piano, exceto por uma com Jeneci ao instrumento, Wisnik é quem toca em todas. O de violão é levado pelo toque de Arthur Nestrovski.

No disco novo de Gal Costa, todo composto por Caetano Veloso, uma das duas únicas músicas não-inéditas foi justamente interpretada antes por Wisnik, em 2005, na trilha do espetáculo Onqotô, do Grupo Corpo, feita por Caetano e Zé Miguel. “Madredeus“, a canção que cantava e que foi regravada por Gal, entrou no novo dela justamente por sugestão de Zé Miguel a Caetano.

Wisnik agora também faz a direção musical do próximo espetáculo do Grupo Corpo, que estreia mês que vem no Teatro Alfa.
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Chico, 2011
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Ronaldo Evangelista

Com o tempo a voz de Chico Buarque ganhou um gosto de tempo, um certo gasto que pode ser lido como fragilidade, mas é mais uma força de aproximar-se da naturalidade de experiência de vida de seus personagens. Em todo um ar de deboche francês, também apurado parece o senso de humor. Claro, timidez etc. Mas não vá dizer que não tem um gosto pelo sarro em todo Chico. Sem a malícia os olhos verdes não seriam os mesmos.

Sua feitura de letras segue uma transição de buscas por achados poéticos virtuosisticamente simples para um gosto mais de crônica musicada, em busca da fluência casual – daí o gosto por valsas e blues, que o compositor diz serem elementos presentes em seu novo disco, chamado puramente Chico, em existência física a partir de 22 de julho, pela gravadora Biscoito Fino.

Justamente neste domingo Chico completou 67 anos, feliz aniversário, e se vejo comumente seu som recente – leia-se Carioca, 2006 – ser chamado de careta (muito pelas características típicas de há tanto tempo, elementos como bateria ultramicrofonada, solo de sax, teclados, baixo de cinco cordas), a questão é mais que Chico segue um exercício de compilar composições recentes a cada número de anos e gravá-las e lançá-las, o que é mais do que se pode dizer de muitos e é suficiente por si só. E especialmente para um artista com frequente público interessado, como o é Chico.

Mil pessoas, até às 19h, segundo a assessoria da Biscoito Fino, ouviram nessa segunda a primeira música do que antes se chamava “de trabalho”, o primeiro single ou, no caso, o primeiro mp3, “Querido Diário”, em esquema de pré-compra do álbum e senha para o áudio da primeira faixa, exclusiva. A intimidade com a internet segue até o lançamento do CD no mundo real, com vídeos (feitos pelo carioca Bruno Natal) de momentos dos bastidores da gravação, com projeto e site chamados, bem, Bastidores. Pra seguir diariamente, por aqui.

§A foto é do URBe.
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Uma música do novo Chico é “Se eu soubesse”, dueto também recentemente no disco de Thaís Gulin.


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