Blog do Ronaldo Evangelista

Arquivo : Maria Gadú

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Ronaldo Evangelista

Enquanto tudo isso, o mundo continua girando e tudo isso aconteceu.

§ Emicida lançou EP novo, Doozicabraba e a Revolução Silenciosa, gravado em SP e NY com apoio do Creators Project, da Intel. A foto que ilustra o post é do show de lançamento, no Pavilhão da Bienal, último fim de semana.

§ Segundo o irmão e produtor do Emicida, Fióti, em 24 horas o EP teve 70 mil audições, e, segundo os beatmakers K-Salaam & Beatnick, em dois dias já passou dos 30 mil downloads.

§ Criolo vai participar do festival Planeta Terra, em novembro. Semana passada ele apareceu na TV Folha, foi dar entrevista no programa de rádio da Patricia Palumbo e fazer showzinho e trocar ideia no programa de tv-de-internet da Lorena Calábria.

§ Em entrevista a Gabriela Alcântara, Curumin comenta que seu disco novo está pronto, com participações de RussoPassaPusso e Céu e um arranjo de Gui Amabis. O plano é lançar ainda esse ano.

§ O clipe de “Ziriguidum”, da Lurdez da Luz, está no forno.

§ O Elo da Corrente estreou cinematográfico vídeo novo, com participação de vinil da Orquestra Afro-Brasileira.

§ A TPM publicou perfil massa de Flora Matos.

§ Depois do discurso-ode às partes íntimas femininas protagonizado por Tom Zé no Rio, de volta em casa ele executa o ritual de lavagem das calcinhas.

§ Pedro Alexandre Sanches entrevistou Alcione, em partes um e dois.

§ Six entrevistou Guilherme Arantes, no Uol Música.

§ Clipe novo de Zé Ramalho, cantando George Harrison em forró, de disco de versões de Beatles que lança em breve.

§ Filipe Catto e Cida Moreira cantam “Back to black” de Amy Winehouse, um ano atrás.

§ “La liberación“, faixa-título do novo do CSS.

§ Segundo a Polysom, a venda de vinis nos EUA subiu 41,2% no primeiro semestre e na Inglaterra 55%, em relação ao mesmo período no ano passado.

§ O CD e o DVD de Caetano Veloso e Maria Gadú venderam 142 mil cópias: 90 mil o CD, 52 mil o DVD. Nos parâmetros de hoje da indústria, o DVD e CD (duplo) já são disco de platina.

§ O Itaú Cultural vai assumir a gestão do Auditório Ibirapuera por cinco anos em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, escolhido em edital.

§ Este mês a Bohemia lança o projeto Gran Momentos e patrocina alguns shows gratuitos em praças e bares com “o melhor da MPB em São Paulo”: Céu, Marcelo Jeneci, Tulipa, Mariana Aydar etc.

§ Tulipa, Lucas Santtana e Do Amor tocam no Niceto Club, em Buenos Aires, Argentina, dia 15 de setembro.

§ Do meio de agosto ao fim de setembro, Luisa Maita faz turnê de mais de 20 datas pelos Estados Unidos.

§ Thais Gulin canta no Tom Jazz, em São Paulo, próximo dia 18 de agosto.

§ Domingo agora acontece feira de vinis organizada pela Locomotiva Discos, no Puri Bar.

§ Sergio Mallandro 2011: rapper.


Gal Costa + Caetano Veloso
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Ronaldo Evangelista

Você já foi à Bahia, nêga? Há algumas semanas, fui pela primeira vez. Business e pleasure: a razão foi encontrar Caetano e Gal em Salvador, matéria de capa para a Rolling Stone. Domingo, a estreia em dupla de 67, talvez tenha sido o primeiro disco pelo qual sinceramente me apaixonei tanto de um como de outro, e foi uma delícia mergulhar na história dessa relação para chegar no disco novo de Gal, todo composto por Caetano e produzido por ele e por Moreno Veloso, com jovens músicos cariocas. Doce é o título que foi soprado – mais ainda falta um mês ou dois para o lançamento, e até lá sabe como é. Reunindo memórias e projetando o futuro, a história do encontro desses dois baianos – e meu com os dois baianos – você começa a ler logo abaixo.

Sentados lado a lado, cada um em uma ponta de um sofá bege de listras marrons no camarim de um estúdio fotográfico em Salvador, Caetano Veloso, 68, e Gal Costa, 65, tem 50 anos de história para lembrar. Caetano senta-se reto, atento; Gal está à vontade, com as costas fundas no sofá. Passeando entre os muitos pontos de intersecção em duas carreiras sempre próximas e distantes, falam dirigindo-se tão frequentemente um ao outro quanto a mim, sentado em uma cadeira de frente para os dois. Enquanto reconstroem memórias em par, completam as frases mútuas com intimidade além daquela de namorados ou irmãos, mas de amizades que se orbitam, não importa quantas vezes o planeta gire. Se amizade é identificação, confiança, comunhão de raízes, empatia ilimitada, amigos são mais do que a família que escolhemos, são aqueles que continuam nos conhecendo quando mudamos.

Alguém entra na sala, traz água de coco para Gal e sai. Caetano cruza as pernas embaixo de si, no sofá. Estamos aqui por uma ocasião especial: Caetano, vindo de uma fase especialmente carregada de frescor, depois dos discos e Zii e Zie (e um ao vivo com Maria Gadú, vá lá), se viu tomado por inspiração para desencadear um processo semelhante com Gal, compondo todo um disco para ela e direcionando as gravações (se nada mudar, o álbum, previsto para setembro, deverá se chamar Doce). A última vez que ela entrou em estúdio para fazer um álbum foi em 2005 – Hoje, lançado pela gravadora Trama. O novo disco terá o apoio da gravadora Universal, que também lança os discos de Caetano e recentemente compilou os LPs de Gal gravados entre 1967 e 1983 em uma caixa com 16 CDs.

Gal e Caetano estão apreensivos, em pleno processo de finalização do álbum: faltam poucos dias para terminarem de registrar as vozes definitivas no estúdio de Carlinhos Brown, no Candeal. As bases já foram gravadas no Rio com a ajuda de Moreno Veloso – filho de Caetano e afilhado de Gal – e com participações de jovens músicos cariocas. Assim que o último rec virar stop, os arquivos de áudio ganharão mixagem, masterização, título e capa. Hoje, sábado nublado de junho, estamos na Bahia para falar do passado no presente – Bahia que já existia em mim através das músicas e agora se materializa no momento vivido e no cenário de lembranças do compositor e da cantora.

“O Caetano para mim é muito importante por tudo que a gente viveu e conviveu”, Gal começa. “Por tudo que ele compôs, tantas músicas que ele fez para mim, direcionadas a mim, falando para mim. Eu adoro as canções de Caetano. Ele é o compositor que melhor escreve para mim, para a minha voz, para mim mesmo. A gente tem uma identificação musical. Neste momento, Caetano fazer este trabalho comigo é maravilhoso. É muito importante historicamente e emocionalmente.”

Caetano, propulsor da ideia há um ano e meio, quando pela primeira vez contou a Gal do novo projeto, explica que a vontade deste álbum nasceu de pensar na história da presença de ambos na música e na história da própria música brasileira. “Gal tem uma qualidade de emissão vocal muito especial e um papel histórico muito importante, e as duas coisas estavam relativamente subvalorizadas nos últimos tempos”, reflete. “Tenho necessidade de ter uma visão histórica mais equilibrada, e isso me pareceu como uma necessidade para mim mesmo e tenho certeza que para os outros também. Então fiquei com desejo de fazer o repertório e produzir um disco todo para Gal. Me interesso muito por fazer este disco agora, para reequilibrar a visão histórica.”

Gal, entretanto, deixa claro que em nenhum momento a ideia foi homenagear o que houve, mas sim o que ainda há para haver. “Não vai ter nada a ver com nenhum disco que eu já fiz na vida, nem com nenhum disco que ele já fez na vida”, explica. “Vai ser uma coisa nova, repertório novo, tudo novo, mas é claro que tem a ver com passado porque a nossa história está impregnada na gente.”
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O resto você lê na Rolling Stone deste mês, nas bancas.
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