Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Discos de 2011

O Brasil de Inezita Barroso
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Ronaldo Evangelista

E essa caixa da Inezita? Dois dez polegadas e cinco LPs iniciais lançados pela Copacabana, entre 1955 e 1961, compilados em seis CDs. Lindo – a se lamentar só a ausência das essenciais “Azulão” e “Modinha”, de Jayme Ovalle e Manuel Bandeira, e “Viola quebrada”, de Mário de Andrade, limadas por desacordo com os herdeiros dos versadores famosos. Bem, mais motivo para ir atrás dos vinis originais. De resto, por todos os discos (e na verdade até hoje), a poderosa voz de Inezita e seu talento para encontrar composições são impressionantes, fontes inesgotáveis de alegria.


MarginalS + Thomas Rohrer
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Ronaldo Evangelista

MARGINALS + THOMAS ROHRER by MARGINALS

Em 2011 o MarginalS lançou seu ótimo CD de estreia, mas talvez seu grande álbum do ano tenha sido essa apresentação do trio ao lado do rabequista suiço radicado no Brasil Thomas Rohrer, no dia 23 de fevereiro no espaço +Soma.

É sempre fascinante ouvir o saxofonista Thiago França, o baterista Tony Gordin e o baixista Marcelo Cabral recebendo convidados, cúmplices voluntários da criação espontânea que praticam – e com Thomas algo especial aconteceu: transe em texturas, grooves hipnóticos, camadas de ideias se completando em tempo real, belezas que nascem no limite das possibilidades.

Se não saiu fisicamente (pelo menos ainda não, mas sonho com uma edição em vinil), dá pra ouvir inteiro pelo Soundcloud da banda, play acima, e dois momentos filmados pelo Matias aqui. Foto, Eugênio Vieira.


a apresentação perfeita de Keith Jarrett no Rio
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Ronaldo Evangelista

Fim do ano passado, liguei para Keith Jarrett, ótimo papo, e conversamos sobre o prazer do improviso, o sabor do inesperado e sobre seu mais recente disco, gravado ao vivo em apresentação no Brasil. Parte das ideias trocadas, em matéria na Folha e logo abaixo.

Abril último, o pianista Keith Jarrett, 66, veio ao Brasil para apresentações na Sala São Paulo e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Guiado pela improvisação absoluta, somando conhecimento erudito, décadas de experiência no jazz e ultrassensibilidade musical, o show no Rio, especialmente, impressionou até ao próprio músico.

Ainda nem tinha partido do país quando percebeu que aquele tinha que ser seu próximo lançamento. Seis meses depois, Rio, o CD, já vem sendo recebido como seu álbum mais inspirado em anos. No Brasil o disco, duplo, está sendo distribuído pela gravadora Borandá.

Por telefone de sua casa em New Jersey, Estados Unidos, o músico falou sobre sua relação com música criada no momento e sua experiência no Brasil.

O senhor consegue identificar de onde surgiu a ideia de fazer apresentações completamente improvisadas?

Foi algo gradual através dos anos. Depois que gravei meu primeiro disco de piano solo, “Facing You”, no começo dos anos 70, participei de um festival e toquei canções, mas entre as canções continuei tocando, conectando as músicas. E aí fiquei mais interessado nas conexões do que nas canções e eventualmente tudo se tornou improvisado. Para mim foi como a ideia perfeita. Quando eu tinha sete anos e fazia recitais, eu tocava coisas que eu compunha – mas eu não as escrevia e tocava cada vez de um jeito. Então eu já improvisava, mas não pensava muito nisso.

É um desafio esquecer os temas e caminhos musicais com que você já tem familiaridade?

É fácil não pensar em música pra mim. Quase todo mundo tem uma ideia na mente antes de tocar, ou algo gravado, ou alguma memória, mas eu tento apagar tudo. Se estou numa cultura que tem sua própria música e apaguei tudo da minha mente, me torno conectado com a cultura. Então esse disco em particular é muito mais brasileiro que todos meus outros discos. Não por acidente, mas por osmose.

A música brasileira foi uma influência consciente enquanto tocava?

Eu estava consciente de que algumas harmonias estavam mudando porque eu estava no Brasil. Uma coisa sutil, não como se eu me tornasse outra pessoa. Mas acrescentei elementos que são parte de onde estou. Quis lembrar como o português do Brasil soa, tentei tirar algo do piano que não era exatamente música de piano, mas quase música de violão ou voz.

A primeira faixa do primeiro CD é bem abstrata, não tem nada de jazz. Mas, se você ouvir com atenção, há ritmos nela que não aparecem em nenhuma outra gravação minha. O conteúdo interno da música é formado por essas pequenas coisas que são as cores do local. Coisas que são parte da atmosfera, como a praia.

O senhor consegue identificar o que tornou a apresentação no Rio tão especial?

Eu tinha o piano e colocava o dedo em algum lugar. Depois que toquei o primeiro som ou eu criei uma prisão pra mim ou criei o começo de algo bom. Algumas das peças, especialmente no segundo CD, não soam improvisadas. O especial nesse show do Rio é que tudo foi igualmente bom, pelo menos pra mim. Não houve notas desperdiçadas. A duração de cada peça, a estrutura, o conceito, foi tudo perfeito. E não uso muito a palavra perfeito.

Quando o senhor toca, a principal busca é fazer algo completamente conectado ao momento, às pessoas, à situação?

Acho que um improvisador – não todos, mas idealmente – é alguém mais curioso com cada pequeno detalhe que é diferente naquele momento, como o som da tecla do piano, da sala, o feeling. Estas são as coisas às quais sou muito sensível.

Fui um improvisador e compositor por muitos anos, então percebi quanto mais interessante era compor e improvisar simultaneamente. Não estava mais interessado em notas escritas em um papel. Elas estão simplesmente lá e vai ser bom ou ruim, mas não vai ser uma representação do momento.

Cada surpresa, cada acidente, cada erro é precioso.

Exatamente. Na verdade, os erros são muitas vezes mais preciosos, as pequenas coisas que mostram que é tudo improvisado. Muitas vezes a audiência não se lembra a cada segundo que é tudo improvisado. Se lembrassem, estariam tão ocupados ouvindo que não tossiriam, não tirariam fotos, eles seriam parte do processo. É por isso que ainda acho que a audiência é tão importante quanto qualquer outra coisa na sala. Muito mais importante, na verdade, que qualquer outra coisa.


Melhores de 2011: Pitzan
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Sebasitão Tapajós, Pedro Santos e Djalma Correa – Xingú (1984)
Helcio Milito – Kilombo (1987)
Dora Pinto – Conjunto de Percussão (1960)
Sete de Ouros – Impacto (1964)
Metá Metá
Serge Gainsbourg – Cannabis (1970)
Danger Mouse e Daniele Luppi – Rome
Beastie Boys – Hot Sauce Comitee Pt.2
Kendrick Lamar – Section 80
Danny Brown – XXX
Jay-Z e Kanye West – Watch the Throne
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Em 2011 Pitzan lançou com o Elo da Corrente o vinil O Sonho Dourado da Família, o vídeo de “Um filme” e a faixa “Ave liberdade“.
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Melhores de 2011: Lucas Santtana
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Peaking Lights – 936
Murcof
Gui Amabis – Memórias Luso/Africanas
Metronomy – English Riviera
Jonny Greenwood – Popcorn Superhet Receiver (2006)
Café Tacuba – Avalancha de Éxitos (1996)
Kodaly Quartet – quarteto de cordas de Ravel
Kodaly Quartet – quarteto de cordas de Debussy
Africa HiTech – 93 Million Miles
Bixiga 70
Wado – Samba 808
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Em 2011 Lucas Santtana lançou seu álbum Sem Nostalgia (2009) na Europa e começou as gravações para seu novo disco, que sai em 2012.
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Melhores de 2011: Décio 7
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Conjunto Baluartes – Nira Congo (1976)
Hypnotic Brass Essemble – The Brothas (2008)
Woima Collective – Tezeta (2010)
Sebastião Tapajós e Pedro dos Santos Vol.2 (1972)
Gilberto Gil – Refavela (1977)
Ariya Astrobeat Arkestra (2010)
Erasmo Carlos – Sonhos e Memórias 1941-1972 (1972)
Victor Rice – In America (2003)
Pipo Pegoraro – Taxi Imã
Hugh Mundell – Africa Must Be Free By 1983 (1978)
Baden Powell À Vontade (1963)
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Em 2011 Décio 7 lançou o álbum de estreia do Bixiga 70, além de tocar em Taxi Imã, de Pipo Pegoraro.
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Melhores de 2011: Pupillo
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Kassin – Sonhando Devagar
Criolo – Nó na Orelha
Domenico – Cine Privê
Juçara Marçal, Thiago França e Kiko Dinucci – Metá Metá
Lirinha – Lira
Junio Barreto – Setembro
Karina Buhr – Longe de Onde
Tibério Azul – Bandarra
Marcelo Camelo – Toque Dela
Bixiga 70
Gui Amabis – Memórias Luso/Africanas
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Em 2011 Pupillo produziu Setembro, de Junio Barreto, tocou em O Que Você Quer Saber de Verdade, de Marisa Monte, e já começou a gravar o próximo disco da Nação Zumbi, a sair em 2012.
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Melhores de 2011: Mariana Aydar
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Gui Amabis – Memórias Luso/Africanas
Thais Gulin – ôÔÔôôÔôÔ
Chico Buarque – Chico
Pedro Santos – Krishnanda (1968)
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Em 2011 Mariana Aydar lançou Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo.
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Melhores de 2011: BNegão
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Edvaldo Santana – Jataí
Criolo – Nó da Orelha
Mundo Livre S.A. – Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa
André Abujamra – Mafaro (2010)
Pélico – Que Isso Fique Entre Nós
Digitaldubs #1 (2010)
Lirinha – Lira
Bixiga 70
Autoramas – Música Crocante
Tom Waits – Bad As Me
Matanza – Odiosa Natureza Humana
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Em 2011 BNegão soltou “Reação (Panela II)“, faixa de seu segundo álbum, que deve sair em 2012, além de ter lançado compacto com duas faixas do Enxugando Gelo, de 2002.
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