Blog do Ronaldo Evangelista

Categoria : Discos de 2011

Gui Amabis comenta Memórias Luso/Africanas
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Ronaldo Evangelista


Para fazer seu primeiro disco solo, depois do Sonantes e várias trilhas, Gui Amabis mergulhou na inspiração de seus próprios antepassados, buscou o capricho de sons costurados com intimidade e convocou participações de Criolo, Tulipa, Lucas Santtana, Céu, Tiganá e mais um monte de gente legal para construir uma história de passado e tradição.

Apuro de produção, riqueza de detalhes, belas imagens poéticas, canções que fluem como causos com andamento de natureza, álbum que você pode ouvir todo pelo site, Memórias Luso/Africanas.

Hoje, terça-feira, Gui Amabis se apresenta no Sesc Pompeia, Prata da Casa, grátis, 20h, com convidados. Aproveitando a oportunidade e curioso com os mares navegados pelos sons do disco, pedi a ele um comentário faixa-a-faixa, logo abaixo.

DOIS INIMIGOS (com Thiago França)

A melodia inspirada no norte da áfrica serve de base para a letra que trata de um amor mestiço e inimigo, e do resultado disso.

ORQUÍDEA RUIVA (com Criolo, Sinhá e Régis Damasceno)

É praticamente um rock árabe. A música portuguesa tem essa origem por conta da invasão moura que durou aproximadamente 800 anos. Nesta cama Criolo destilou sua poesia sobre um amor etéreo e eterno.

SAL E AMOR (com Tulipa, Céu e Curumin)

Não quis ser totalmente literal, então tomei a liberdade de introduzir sons familiares a mim e fora do “tema” do disco. Neste caso uma pitada do Caribe, uma paixão musical.

SWELL (com Céu, Dengue e Samuel Fraga)

Certo dia pensando na travessia atlântica me peguei pensando em me transformar em água, e como esta faria este trajeto. Tentei passar isso através do arranjo e letra.

AO MAR (com Tulipa e Curumin)

Na mesma onda sonora de “Sal e Amor” trata do amor imigrante. Do homem que cruza um oceano deixando seu amor na terra natal, mas mesmo assim não perde o sentido e o sorriso.

DOCE DEMORA (com Céu, Siba, Dengue e Maurício alves)

Musicalmente a que melhor retrata a junção da música portuguesa e africana, essa quase “morna” (Gênero musical Caboverdeano) homenageia minha filha e o ciclo da vida no planeta.

O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA (com Lucas Santtana, Dengue e Samuel Fraga)

Uma valsa densa que retrata a saga de uma fuga. A minha preferida do disco. Letra inspiradíssima de Lucas Santtana.

IMIGRANTES (com Tiganá, Céu, Rodrigo Campos e Thiago França)

Um lamento sobre o pós-guerra.

PARA MULATU (com Criolo, Marcelo Cabral e Maurício Alves)

Homenagem ao músico Etíope Mulatu Astatke, novamente o tema do amor mestiço na poesia de Criolo.

FIM DE TARDE (com Céu)

O nome já diz tudo…


Literalmente Loucas
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Ronaldo Evangelista

Dia 26 de agosto acontece no Teatro Fecap show de lançamento do CD Literalmente Loucas – Elas Cantam Marina Lima, com novas cantoras interpretando canções não-óbvias do repertório de Marina. Disco curado por Patricia Palumbo e saindo pela gravadora Joia Moderna, de Zé Pedro, que tem lançado vários discos interessantes, pérolas e novidades, sempre cantoras.

No play acima, pra gerar expectativa, versão original da música de Marina cantada por Tulipa no tributo. Abaixo, as faixas do álbum.

01) Tulipa – Memória fora de hora
02) Andreia Dias – Quem é esse rapaz
03) Bárbara Eugênia – Por querer (todas)
04) Márcia Castro – Meu doce amor
05) Karina Zeviani – Confessional
06) Graziela Medori – Bobagens, meu filho, bobagens
07) Anelis Assumpção – À meia voz
08) Nina Becker – O meu sim
09) Karina Buhr – Tão fácil
10) Iara Rennó – Alma caiada
11) Joana Flor – Seu nome
12) Claudia Dorei – O solo da paixão


Kassin Sonhando Devagar
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Ronaldo Evangelista

O disco novo de Kassin, Sonhando Devagar – primeiro solo, segundo se você contar o Futurismo lançado com o +2, terceiro se você considerar o Free U.S.A. lançado como Artificial ou até quarto se quiser somar à lista a trilha do desenho japonês Michiko to Hatchin -, já está tocando no rádio e com data marcada para seu lançamento: 24 de agosto no solar de Botafogo, no Rio.

O álbum, com projeto gráfico seguindo conceito em 3D, sai pela gravadora Coqueiro Verde, de Erasmo Carlos, que também lançou há pouco o disco Cine Privê, de Domenico Lancellotti. “Potássio”, uma das faixas de Sonhando Devagar, já anda rolando ao vivo (aqui com a Copa Jam Band, aqui no Grêmio Recreativo MTV) e “Mundo natural” foi tocada por Mauricio Valladares em seu programa Ronca Ronca. No play acima, “Fora de área“. Pelo site da Coqueiro Verde, o álbum todo em streaming.


A Pitanga de Mallu
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Ronaldo Evangelista

Está pronto Pitanga, o novo disco de Mallu Magalhães: “Os arquivos já estão sendo enviados para o Felipe Tichauer, que está lá em Miami, e vai masterizar o disco, que vai sair direto para a fábrica e, depois, pela Sony, para as lojas“, postou ela em seu blog.

Gravado no estúdio El Rocha, produzido por Marcelo Camelo, com engenharia de som de Fernando Sanches e mixagem de Victor Rice, o álbum foi feito em pouco mais de um mês de gravação e mais um pouco de mixagem, com participações de Kassin, Mauricio Takara e do próprio Camelo e novas composições de Mallu, com letras fundindo inglês e português.

Alguns títulos que ela já soltou são “Cena”, “Youhuhu”, “Highly sensitive”, “Velha e louca”, “In the morning”, “Cais”, “Lonely”, “Ô, Ana”, “Baby I’m sure”, “Moreno do cabelo enroladinho”, “Sambinha bom” e “Todo o sentimento”.

Sobre o processo, contou ela no blog:

Cheguei lá. No meu lá. Fiz o disco do jeito que acreditamos, com Marcelo, ao lado de querido Victor, e todos os amigos do El Rocha.

Disse mais:

Pitanga mudou minha vida. O método, o processo, as conquistas, os desafios, as descobertas…Quanta coisa aprendi… quanta coisa dentro de mim. Minha existência me deixa cansada e ocupada, de tanto afinco e dedicação com que existo.

Aprendi coisas que a gente scuta nos ditados, mas aprendi de verdade, sabe, lá dentro, não aprender de ficar repetindo e, quando mais precisamos daquele aprendizado, descobrimos que não aprendemos coisíssima nenhuma.

Acho que é por isso que viver é indispensável. Tentar é o caminho. Não há atalho, acho.


Bahia Fantástica
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Ronaldo Evangelista

Mais um belo disco vem se anunciando nessa temporada 2011: Bahia Fantástica, de Rodrigo Campos.

De São Mateus pro Recôncavo, partindo da periferia de São Paulo para chegar em um lugar não-geográfico, vislumbrando a paisagem desenhada com nomes e cenas. Partindo do samba para chegar a um som universal, falando em Curtis Mayfield e Funkadelic.

Vocal sussurrado, groove de alta classe de violão e uma banda explosiva, na ponta de criatividade em São Paulo: Kiko Dinucci na guitarra, Marcelo Cabral no baixo, Mauricio Fleury no teclado, Mauricio Takara na bateria, Thiago França no sax tenor e flauta. Romulo Fróes assina a direção musical, Luisa Maita participa, Gustavo Lenza grava.

Além das ideias boas no teaser de quinze minutos acima, play valioso pelos trechos de ensaio e gravação, alta qualidade de som nascendo.


Falando sobre Chico Buarque no Metrópolis
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Ronaldo Evangelista

Sexta passada fiz uma aparição ao vivo no programa Metrópolis, convidado a dar meus dois centavos de opinião sobre Chico, disco novo do Buarque. Eu e Cadão conversamos sobre vontade de novidade, novas rimas para o mundo, colocação de vida pessoal na arte, o antagonismo milenar de Chico e Caetano e comentamos os comentários de Marcus Preto, que disse algo do efeito de “Chico Buarque fazer disco ruim é bom para a nova geração, que faz discos ótimos”. Mas, ao invés de falarmos de Tulipa, proponho essa: Chico não carrega algumas coincidências com Toque Dela, recente álbum de Marcelo Camelo? Essa e outras ideias, oito minutos de papo, play acima.


As faixas do Tim Maia Racional Volume 3
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Ronaldo Evangelista

Suspense desde o começo do ano, quando descobriu-se que a SonyBMG chamou Kassin (e este a Paulinho Guitarra etc) para completar as gravações nunca lançadas do Tim Maia Racional Volume 3 e subsequentemente lançar o álbum como CD-bônus de uma coleção de Tim vendida nas bancas pela editora Abril, essa semana a liberaram o disco. Das seis faixas, “O supermundo racional” é absolutamente inédita, “Que legal” é nova versão de composição do Racional 2 e as outras quatro são as que haviam vazado há alguns anos (agora com outros nomes).

01 É Preciso Ler e Reler [antes “Escrituração racional”]
02 I Am Rational [antes “You gotta be rational”]
03 Lendo o Livro [antes “Universo em desencanto disco”]
04 O Supermundo Racional
05 Nação Cósmica [antes “Brasil Racional”]
06 Que Legal


Faixa a faixa: Chico 2011
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Ronaldo Evangelista

Para a Folha Ilustrada de hoje, capa sobre disco novo de Chico Buarque, escrevi breve descrição/comentário faixa a faixa de Chico, álbum aproximadamente décimo-nono do compositor e cantor. Teasers de internet, a perda da inocência sobre comentários de internet, disco de literatura, canções melancólias – entre tudo que vi comentado por aí, o menos alardeado me parece o principal: é um disco de amor. Mais: disco de novo amor. Tipo festa sem fim.

Querido diário
Toada levada por viola caipira e arranjo de cordas e com o já inesquecível verso sobre “amar uma mulher sem orifício”. Outro: “não quebro porque sou macio”.

Rubato
Chico no Círculo de confiança, zona de conforto, parceria com o contrabaixista Jorge Helder. Letra sobre canção de amor roubada para Aurora, Amora e Teodora e arranjo com grande naipe de sopros.

Essa pequena
“Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”, canta Chico. Ele, conta “cada segunda que se esvai”. Ela, “esbanja suas horas ao vento”. Canção de amor que conclui: “o blues já valeu a pena”.

Tipo um baião
O eu-lírico já questiona: outra história de amor a essa hora? Mas, afinal, “você tipo me adora”. Então, para quem “ignora o baião”, canta esse “tipo um baião do Gonzaga”.

Se eu soubesse
Em dueto com a suposta jovem namorada de cabelos cor de abóbora Thais Gulin, a valsa-choro “Se eu soubesse” foi gravada também por ela em seu recente disco “Ôôôôôôôô”.

Sem você 2
De mesmo título de canção de Tom com Vinicius do fim dos anos 50, é levada sem bateria e com andamento lento. Chico classicista da canção, mais próximo do velho Tom do que do jovem Chico.

Sou eu
Parceria com Ivan Lins, cantada por Chico e o baterista e sambista Wilson das Neves, também já gravada por Diogo Nogueira. A letra, sobre mulher que bamboleia no salão.

Nina
Valsa “meio russa”, segundo o autor, com as rimas mapa/rapta e toca/vodca. Com a nova personagem, título, para o rol do compositor. A primeira música composta para o álbum depois da temporada como escritor.

Barafunda
Sambinha fazendo crônicas da memória, “antes que o esquecimento baixe seu manto”. Glorinha ou Maristela? Soraia ou Anabela? Seja como for, a conclusão: “a vida é bela”.

Sinhá
Parceria com João Bosco, que participa com seu balanço de violão e contracanto. É o “conto de um cantor com voz do Pelourinho” que chora em iorubá mas ora por Jesus.


O box americano de Tom Zé
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Ronaldo Evangelista

Já viu o que tem no recente box americano de Tom Zé, pela gravadora Luaka Bop?

Studies of Tom Zé, a caixa com os estudos de Tom Zé, compila os recentes Estudando o Pagode e Estudando a Bossa (ambos pela primeira vez em vinil, o segundo com uma nova capa) mais relançamento do clássico Massive Hits, de 1990, que praticamente reedita seu Estudando o Samba, de 1976, com algumas intervenções de outros discos – há duas décadas a coletânea introdução básica a Tom Zé para a América do Norte.

Além dos três LPs, o box inclui um compacto ao vivo com o Tortoise em Londres – “The letter” no lado A, “Defect 3: Politicar” no B -, um CD com o áudio de uma conversa entre Tom Zé, Arto Lindsay e David Byrne e um livro com ensaio sobre TZ de Christopher Dunn. Tudo por 70 dólares no site da Luaka Bop, por aqui.

A caixa foi lançada nos Estados Unidos no fim de 2010 e, aproveitando o momento, semana que vem Tom Zé faz uma rara viagem a NY para apresentação no Lincoln Center, dia 19.


Mia Doi Todd + José Gonzáles – “Um girassol da cor do seu cabelo”
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Ronaldo Evangelista

Outra nova versão de Lô Borges tirada da Red Hot + Rio 2, aqui ao vivo na festa de lançamento (Red Hot Loft, muito hipster) da compilação, em NY em março último. No começo do vídeo declarações de amor pela música brasileira, som mesmo ao um minuto e meio: Mia Doi Todd e José Gonzáles cantando “Um girassol da cor do seu cabelo” sobre arranjo incrível, destacando a beleza universal da canção, simples e atual. Apesar do teor geral tropicalista que paira sobre o Red Hot Rio + 2, o tom contemplativo pop típico das cancões do começo dos anos 70, como as de Lô Borges, também é peça interessante do clima vencedor do tributo.